23 setembro, 2016

Mulher Eleitora

Em 1927, a potiguar Celina Guimarães Viana e, no ano seguinte, a mineira Maria Ernestina Carneiro Santiago de Souza, a Mietta Santiago, conquistaram, por sentenças judiciais, o direito de votar e serem votadas.
Mietta Santiago, mineira educada na Europa, com 20 anos havia retornado do Velho Mundo e descobriu, em 1928, que o veto ao voto das mulheres contrariava o artigo 70 da Constituição Brasileira de 24 de fevereiro 1891, então em vigor. Com garantia de sentença judicial (fato inédito no país), proferida em mandado de segurança, conquistou o direito de votar. O que de fato fez, votando em si mesma para uma vaga de deputada federal.
Escritora, advogada e oradora competente, ela frequentava com desenvoltura o círculo de políticos, como também as rodas boêmias dos escritores mineiros, tais como Pedro Nava, Drummond, Abgar Renault e outros. Carlos Drummond de Andrade, impressionado com a conquista do voto feminino, dedicou a Mietta o poema "Mulher Eleitora".
Mietta Santiago
loura poeta bacharel
Conquista, por sentença de Juiz,
direito de votar e ser votada
para vereador, deputado, senador,
e até Presidente da República,
Mulher votando?
Mulher, quem sabe, Chefe da Nação?
O escândalo abafa a Mantiqueira,faz tremerem os trilhos da Central
e acende no Bairro dos Funcionários,
melhor: na cidade inteira funcionária,
a suspeita de que Minas endoidece,
já endoideceu: o mundo acaba.
Mietta não foi eleita. Mas outra potiguar, Luísa Alzira Teixeira Soriano, na pequena e ousada cidade de Lajes, sim: tornou-se a primeira prefeita do país.
Deu no New York Times!
A vitória final do movimento sufragista viria em 1932, com o pleno reconhecimento, pelo novo Código Eleitoral, daqueles direitos. No decorrer do século XX e do início do atual, o embate contra os preconceitos e a opressão se ampliaria. E em praticamente todos os planos da vida social. Dos movimentos sufragistas à conquista dos mais importantes cargos políticos. Das primeiras libertárias às militantes dos anos 1930 e às guerrilheiras dos anos 70.
http://bndigital.bn.br/exposicoes/brasil-feminino/
http://palipalan.blogspot.com.br/2010/11/mulher-eleitora.html
http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/11/80-anos-antes-de-dilma-alzira-soriano-abriu-espaco-feminino-no-executivo.html

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