O Brasil parece insuperável no quesito de burlar a lei. Atualmente, podemos até suspeitar de um lado "B" da economia que tem pavor da CPMF.
Explicamos:
O livro "O Homem que Roubou Portugal" (V. resenha) conta a história de um ilustre falsificador português que, em 1924, emitiu quase 3% do PIB de Portugal e causou um impacto de grandes proporções na economia do País.
Ele contou, além de sua inteligência e habilidade, com o auxílio da sorte, de amigos e conhecidos que acreditavam no conto do "bilhete premiado" e, principalmente, com a ganância da empresa que prestava serviços de impressão do dinheiro português.
Apesar da imensa logística envolvida para entrar com o dinheiro impresso em Portugal e, consequentemente, faze-lo circular sem levantar suspeita, acabou sendo descoberto porque alguém suspeitou que a liquidez da economia estava além do normal.
Atualmente, por mais simples que seja o sistema financeiro de um País, creio que a tecnologia e os meios de controle tornam este tipo de crime quase impossível de acontecer.
Mas a moeda, em determinadas circunstâncias, pode descolar da economia real. Principalmente quando a economia subterrânea - difícil de mensurar - atinge níveis muito altos.
A economia do Patropi parece que está navegando, há muito tempo, dentro de uma bolha de liquidez difícil de controlar. Entretanto, como já foi dito, é praticamente impossível acreditar em circulação de moeda falsa, nos moldes do que fez o falsificador português.
Mas ficam diversas perguntas: de onde vem tamanha liquidez? De onde vem essa montanha de dinheiro em circulação que parece haver sempre um problema estrutural grave entre oferta e procura. Aquela, sempre insuficiente, esta, sempre acima das expectativas?
Fernando Gurgel Filho
ResenhaAutor: Murray Teigh Bloom
Organização e prefácio; Gustavo Franco
Jorge Zahar Editor, 2008 - 362 páginas
Em 1924, Artur Virgilio Alves Reis, um comerciante português falido, trama sozinho o maior golpe financeiro de todos os tempos. Em dois anos se tornaria o homem mais rico e poderoso de seu país. O que parecia um plano com pouca eficácia de um homem com muita imaginação, acabou causando problemas macroeconômicos. Desde o grande terremoto de 1755, Portugal não sofria abalo econômico tão profundo. O autor narra, com ares de romance policial, desde o momento da elaboração do golpe até o julgamento dos réus, em 1930. Nas audiências finais, Alves Reis contou ainda com uma presença ilustre entre os ouvintes da plateia: o poeta Fernando Pessoa, curioso em assistir a sua defesa. Traz, em anexo, a transcrição das anotações de Fernando Pessoa no último dia do julgamento.
Ver uma prévia deste livro no Google Books.
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