17 agosto, 2016

A Escola Sem Partido

por PAULO GURGEL
A Escola Sem Partido é um projeto defendido por pensadores brasileiros de escol, como o assessor especial para assuntos ejaculatórios do Ministério da Educação, o Alexandre Frota, e o patrocinado grupo Revoltados Online.
Este novo modelo de ensino tem a finalidade de evitar que os professores comam os cérebros das criancinhas.
Para isso, é preciso que algumas palavras e expressões de forte carga ideológica sejam desde já substituídas no vocabulário escolar por outras mais amenas.
Exemplos:
  • Golpe de 64: por Troca de Guarda Civil-Militar
  • Escravidão no Brasil: por Trabalho Compulsório e Gratuito de Africanos e seus Descendentes em Solo Brasileiro
  • Tortura: por Obtenção de Confissões de Insurgentes mediante Ações de Desconforto Corporal
  • Delação Premiada: por Depoimento Absolvitório com Emulação
  • Voto Feminino: por Opção das Vadias no Processo Eleitoral
Assim por diante. Até chegarmos à inominável palavra onde o problema todo começou: "presidenta". Foi uma afronta deixarmos que esta palavra tomasse, mesmo que fosse por um simples lustro, o lugar de um substantivo comum de dois gêneros que, de Deodoro a Temer, esteve prestigiando (com seu "e" final) o ato de diplomação dos supostamente grandes Catões da República.
"Presidenta", apesar de constar do VOLP, o "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", e dos dicionários do Aurélio e do Houaiss, do Michaelis e até mesmo do "Novo Dicionário da Língua Portuguesa" (de 1899, redigido em harmonia com os modernos princípios da ciência da linguagem etc), de autoria do filólogo português Cândido de Figueiredo, e de ter sido também utilizada por Machado de Assis, Érico Veríssimo e Carlos Drummond de Andrade, em alguns textos autorais, esta palavra foi firmemente repudiada por aquela que se diz "amante da língua portuguesa", a ministra Cármen Lúcia. A futura presidente do STF já declarou que é assim que deseja ser tratada enquanto estiver na presidência da egrégia Corte.
Judex dixit, e isto cria vínculo.
Ascendam os presidentes ao Poder por voto popular, renúncia ou morte do titular, quartelada, conchavo ou golpe paraguaio (o caso brasileiro), tanto faz: é "presidente" para todos.
Também aceito (para mostrar que não sou intransigente) a impronunciável forma "presidentx", que foi uma sugestão do Gregório Duvivier, do Porta dos Fundos.

04/09/2016 - Para ler no LN Online
Ignorância de Cármen Lúcia é linguistica e social, por Weden

4 comentários:

Fernando Gurgel disse...

Escola sem partido, literatura sem política, mula sem cabeça e pokemon é tudo que a mídia sem cérebro e a política dos burocratas querem para acabar de vez com essa história de ensinar a pensar e a conhecer História.

Paulo Gurgel disse...

Nenhum dos outros que foram citados é páreo para a mula sem cabeça. Ela ganha por uma cabeça, mas ganha.

Fernando Gurgel disse...

Quanto ao substantivo impronunciável pelos fascistas: http://www.tijolaco.com.br/blog/carmem-lucia-e-gilmar-licao-para-nao-tornar-o-stf-mais-baixa-corte/

Paulo Gurgel disse...

Transcrevo mensagem:
Muito bom! Foi na jugular dessa elite manipuladora e despudorada.
Abraço,
Deodato Ramalho, por e-mail