Polêmica magnífica, sem vencido ou vencedor. Dois cérebros absolutamente brilhantes |
Kropotkin cresceu numa acomodada família da nobreza russa. No início não se mostrou interessado diretamente pelo estudo da natureza, e tampouco havia desenvolvido então seus ideais. Ambas as coisas ocorreram paralelamente quando foi nomeado secretário de Geografia Física da Sociedade Imperial e enviado à Sibéria. Isto ocorreu em 1870. Em 1871, ocorreu a Comuna de Paris, influenciando-o definitivamente em suas ideias, e a experiência siberiana. Segundo suas palavras, a Comuna lhe serviu para dar-se conta que o paradigma darwinista da luta de todos contra todos, simplesmente não era universal: "Kessler, Severtsov, Mensbir e Brandt, quatro zoólogos russos muito importantes, e também, Poliakov, um pouco menos conhecido, e por fim, seu servidor, sendo um simples viajante,enfrentamos a teoria de Darwin que superestima a luta dentro da mesma espécie. Aqui (na Sibéria) o que vemos é um campo de ajuda mútua, enquanto Darwin e Wallace veem somente a luta pela sobrevivência. Creio que tal fato pode ser explicado da seguinte maneira: os zoólogos russos investigaram enormes zonas continentais na zona de clima temperado, onde fica evidente, e com maior clareza, a luta da espécie contra as inclemências da natureza (clima muito frio, tormentas de neve, inundações etc.), enquanto Wallace e Darwin pesquisaram majoritariamente as costas de países tropicais onde as espécies são mais abundantes".[...]
Kropotkin em nenhum momento rechaçou que pudesse existir uma "luta pela sobrevivência" e uma "sobrevivência dos mais aptos". O que fez foi expandir a teoria da evolução até uma área ainda em desenvolvimento. O próprio Darwin, até o final de sua vida, foi incorporando mais modos de evolução ante a constatação de que a mera "luta pela sobrevivência" não podia dar conta de todos os fenômenos observados. Kropotkin se encarregou de melhorar a teoria evolutiva ao estabelecer a seguinte dicotomia:
I) Organismo contra organismo no caso de recursos limitados, o qual nos levaria à competição ("luta pela sobrevivência") e,
II) Organismo contra ambiente, no caso de ambientes rigorosos, o que levaria à cooperação.
Em palavras do próprio Kropotkin: "a sociabilidade é uma lei da natureza como é a luta mútua".
No entanto, atualmente estas duas formas de ver a biologia continuam em conflito. Os grupos que cooperam entre eles apresenta vantagens frente aos que não o fazem e prosperam melhor? É possível que a cooperação seja um motor da evolução como propunha Koropotkin ou tudo está submetido a uma natureza intrínsecamente egoísta? A brilhante, e recentemente falecida, bióloga descobridora da endosimbiose como processo vital na evolução, Lynn Margulis, tinha isso muito claro: "a vida é uma união simbiótica e cooperativa que permite triunfar aos que se associam".
https://www.diagonalperiodico.net/saberes/21225-kropotkin-y-la-teoria-evolutiva.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Piotr_Kropotkin
http://gazetarussa.com.br/arte/2014/01/13/principe_kropotkin_o_mais_importante_anarquista_russo_23639
(matéria enviada por Jaime Nogueira)
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