27 outubro, 2019

Códigos militares em palavras cruzadas

Em 1944, codinomes relacionados aos planos do Dia D apareceram como soluções em palavras cruzadas no jornal britânico The Daily Telegraph, que os serviços secretos britânicos inicialmente suspeitaram ser uma forma de espionagem.
Leonard Dawe, compilador de palavras cruzadas do Telegraph, criou esses quebra-cabeças em sua casa em Leatherhead. Ele era diretor da Strand School, e ao lado da escola havia um grande acampamento de soldados americanos e canadenses se preparando para o Dia D.
A segurança em volta do campo era frouxa. Havia muito contato entre os garotos e os soldados, e as conversas dos soldados, incluindo as palavras de código do Dia D, eram assim ouvidas e aprendidas por muitos dos estudantes.
Leonard Dawe havia desenvolvido o hábito de economizar tempo na compilação de palavras cruzadas, chamando os alunos ao escritório para preencher espaços em branco com palavras (que ele, depois, acrecentava as pistas para essas palavras). Como resultado, palavras relacionadas à guerra, incluindo codinomes, acabaram entrando em suas palavras cruzadas. (*)
O MI5 envolveu-se e prendeu Dawe na escola e seu colega sênior de palavras-cruzadas, Melville Jones, em sua casa em Bury St Edmunds. Ambos foram interrogados intensivamente, mas foi concluído que eles eram inocentes. Dawe quase perdeu o emprego de diretor da escola. Ele não sabia que estava incluindo códigos militares na criação de palavras cruzadas.
Depois disso, Leonard Dawe perguntou a pelo menos um dos meninos (Ronald French) de onde ele tirou as palavras-código, e ficou alarmado com o conteúdo do caderno do menino. Deu-lhe uma repreensão severa, ordenou que o caderno fosse queimado e fez o menino jurar sobre a Bíblia que manteria o assunto em sigilo.
Foi dito publicamente que não houve vazamento de codinomes, tendo sido meras coincidências. E Dawe manteve seu interrogatório em segredo até 1958, o ano em deu em uma entrevista à BBC.
A Arte da Guerra, Vídeo 45:20
Wiki
(*) Em 2 de maio de 1945, "Utah", que era a palavra-código de uma das praias a ser usada nos desembarques na Normandia. Isso poderia ser descartado como coincidência, mas, nas três semanas seguintes apareceram: "Omaha" (outra praia do Dia D), "Overlord" (código para toda a operação), "Mulberry" (portos flutuantes) e "Netuno" (ataque naval). Who put secret D-Day clues in the 'Telegraph’ crossword?, por Tom Rowley.

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