Graciliano Ramos
(pintor não identificado) |
Elas começam com uma primeira lava. Molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Depois colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão.
Depois batem o pano na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso, a palavra foi feita para dizer.
Nelson Cunha disse...
Com todo respeito ao mestre Graciliano, a palavra pode funcionar como puro enfeite se for do agrado dela e de quem escreve. A palavra, coitada, tem direito a ser vaidosa. Há palavras lindas, sonoras e que funcionam sozinhas para encantar ou ofender. O Graciliano tem este estilo que bem descreveu: o texto exato, sem penduricalhos.
Outros autores podem usar uma ou outra palavra como puro enfeite, a cereja do bolo, desde que as demais sirvam para fazer o bolo.
2 comentários:
Com todo respeito ao mestre Graciliano, a palavra pode funcionar como puro enfeite se for do agrado dela e de
quem escreve. A palavra, coitada, tem direito a ser vaidosa. Há palavras lindas, sonoras e que funcionam sozinhas para encantar ou ofender. O Graciliano tem este estilo que bem descreveu: o texto exato, sem peduricalhos.
Outros autores podem usar uma ou outra palavra como puro enfeite, a cereja o bolo, desde que as demais sirvam para fazer o bolo.
Escrever é cortar palavras.
O ideal é não escrever nada, e eu vou lhe provar isso, Nelson.
Aguarde.
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