Uma trama envolvendo negociações secretas, acordos internacionais, disputas políticas, corrupção e exploração de trabalhadores liga o balneário de Guarapari, no Espírito Santo, ao programa de produção de armas nucleares dos Estados Unidos durante e depois da Segunda Guerra Mundial. O pivô de tamanha disputa é justamente o patrimônio que mais tarde deu fama à cidade por suas propriedades medicinais: a
areia monazítica, rica em elementos radioativos. Essa areia abastecia as pesquisas de projetos secretos criados pelo governo norte-americano para acelerar a produção de bombas atômicas, sobretudo no período da Guerra Fria.
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O navio Fjord foi um dos mais ativos
no transporte da monazita de Guarapari |
Documentos dos governos brasileiro e norte-americano, pesquisas acadêmicas, notícias de jornais da época e fotografias de arquivos públicos comprovam o envio de areia monazítica de Guarapari e outros municípios capixabas, do Rio de Janeiro e Bahia para os Estados Unidos – além de França, Alemanha e Inglaterra – entre as décadas de 1890 e 1960. Muitas vezes o envio era feito
a "preço de banana" ou de forma clandestina, declarada como areia comum para preencher o lastro dos navios. Esse material, no entanto, é rico em tório, elemento radioativo muito visado em dois momentos da história: primeiramente usado para fabricação de luminárias a gás, exportada para a Europa a partir de 1890, e depois pela indústria nuclear na década de 1940, para desenvolvimento da bomba atômica.
Nesse caso, o tório virou alvo de cobiça internacional após a descoberta de que poderia ser produzido a partir dele Urânio 233 (U-233), elemento criado em laboratório e usado em reatores ou bombas atômicas.
Prossiga lendo esta reportagem de Aglisson Lopes e Natália Bourguignon em Gazeta Online.
https://especiais.gazetaonline.com.br/bomba
Publicada em 29/08/2015. Acessada em 20/04/2019.
A reportagem contou com a colaboração de Anelize Nunes (Cedoc), Arabson (ilustrações), Marcelo Franco (Ilustrações) e Wing Costa (edição de vídeo).
ANCHIETA E GUARAPARI na atualidade, blog Linha do Tempo
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