02 setembro, 2016

A máquina de fazer dinheiro

Victor Lustig não nasceu bandido: originário da atual República Tcheca e filho do prefeito da cidade de Hostigg, não tinha motivo para entrar no mundo do crime e era descrito como particularmente inteligente, embora sempre tivesse um talento para se meter em problemas. Aos 19 anos, começou a jogar pôquer e bilhar e, não muito tempo depois, largou a escola. Em seguida, ele passou a cometer pequenas fraudes sob diferentes pseudônimos por toda a Europa.
Nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial, o seu golpe favorito era viajar a bordo de grandes navios de cruzeiro, na rota Londres-Nova Iorque, vendendo a passageiros ricos "uma máquina de copiar dinheiro". Isso mesmo, por módicos 30 mil dólares (aproximadamente 250 mil em dinheiro atual), o comprador adquiria uma caixa com vários mecanismos complexos que, a cada seis horas, seria capaz de copiar uma nota de 100 dólares. Investimento bom, caso não fosse uma caixa preparada – com algumas notas verdadeiras – para dar tempo a Lustig de sumir das vistas de um comprador revoltado.
Certa vez, Lustig foi preso em Oklahoma por outra fraude e, numa improvisação de mestre, ofereceu ao xerife um "desconto especial" em sua maquina de copiar dinheiro: o xerife poderia comprar a maquina por uma bagatela de 10 mil dólares, contanto que o tirasse da prisão. O xerife concordou, mas logo percebeu que tinha sido enganado e achou o golpista, oito meses depois, em Chicago. Apesar de ter uma arma apontada para seu rosto, Lustig conseguiu convencer o xerife de que este havia operado a maquina incorretamente, e devolveu-lhe os 10 mil dólares "para provar que era uma pessoa íntegra".
Algum tempo depois, o xerife foi preso por passar notas de 100 dólares falsas, obviamente originárias da devolução de Lustig.

Victor Lustig também vendeu a Torre Eiffel a André Poisson, um sucateiro de Paris. Pasmem, senhores. Para vencer a "licitação por carta-convite" organizada por Lustig, o comprador ainda precisou subornar.

3 comentários:

Fernando Gurgel disse...

O Brasil parece insuperável no quesito de burlar a lei. Atualmente, podemos até suspeitar de um lado "B" da economia que tem pavor da CPMF.

Explicamos:

O livro "O Homem que Roubou Portugal" conta a história de um ilustre falsificador português que, em 1924, emitiu quase 3% do PIB de Portugal e causou um impacto de grandes proporções na economia do País.

Ele contou, além de sua inteligência e habilidade, com o auxílio da sorte, de amigos e conhecidos que acreditavam no conto do "bilhete premiado" e, principalmente, com a ganância da empresa que prestava serviços de impressão do dinheiro português.

Apesar da imensa logística envolvida para entrar com o dinheiro impresso em Portugal e, consequentemente, faze-lo circular sem levantar suspeita, acabou sendo descoberto porque alguém suspeitou que a liquidez da economia estava além do normal.

Atualmente, por mais simples que seja o sistema financeiro de um País, creio que a tecnologia e os meios de controle tornam este tipo de crime quase impossível de acontecer.

Mas a moeda, em determinadas circunstâncias, pode descolar da economia real. Principalmente quando a economia subterrânea - difícil de mensurar - atinge níveis muito altos.

A economia do Patropi parece que está navegando, há muito tempo, dentro de uma bolha de liquidez difícil de controlar. Entretanto, como já foi dito, é praticamente impossível acreditar em circulação de moeda falsa, nos moldes do que fez o falsificador português.

Mas ficam diversas perguntas: de onde vem tamanha liquidez? De onde vem essa montanha de dinheiro em circulação que parece haver sempre um problema estrutural grave entre oferta e procura. Aquela, sempre insuficiente, esta, sempre acima das expectativas?

Paulo Gurgel disse...

Este comentário será transformado em postagem.

Paulo Gurgel disse...

Este comentário, quero dizer, o comentário de Fernando Gurgel.