O osso de um lobo com 35.000 anos, encontrado na Sibéria, trouxe um novo olhar à longa relação da humanidade com o cão, mostrando que a domesticação deste animal teria ocorrido mais cedo do que se pensava até agora. Os cães atuais, desde o Chihuahua ao dogue alemão, descendem de lobos domesticados pelos humanos nos tempos pré-históricos, mas quando ocorreu essa domesticação é uma questão ainda em debate.
A equipe do geneticista Love Dalén, do Museu Sueco de História Natural, analisou o genoma de um lobo que viveu na Península de Taimir, num artigo científico publicado na revista Current Biology. Os cientistas tinham encontrado parte de uma costela no solo permanentemente congelado (permafrost) da Sibéria, durante uma expedição à Península de Taimir em 2010.
A descoberta deste osso antigo permitiu aos cientistas, mais uma vez comparando-o com o DNA de lobos e cães atuais, fazer algumas recalibrações. "Utilizámos o genoma do lobo antigo, que foi diretamente datado, para recalibrar o calendário molecular dos lobos e cães e verificamos que a taxa de mutações é substancialmente mais lenta do que foi assumido pela maioria dos estudos anteriores", refere ainda o artigo.
Estudos genéticos anteriores de cães e lobos atuais tinham calculado que os cães tinham começado a ser domesticados entre há 11.000 e 16.000 anos, baseando-se em taxas de mutação genéticas que pressuponham uma determinada velocidade.
Ora, se as mutações genéticas ocorreram a um ritmo mais lento, então os antepassados dos cães separaram-se dos lobos há mais tempo e a domesticação do cão aconteceu mais cedo do que se pensava. Os cientistas então estimaram que a domesticação do cão teria começado entre há 27.000 anos e 40.000 anos.
É provável que o lobo antigo agora estudado tenha feito parte de uma população de lobos que vagueava pelas estepes e pela tundra durante a última Idade do Gelo, caçando presas grandes, como bisontes, bois-almiscarados e cavalos. "Uma das explicações mais simples é que os caçadores-coletores podem ter apanhado crias de lobos, o que é extremamente fácil, e tê-las mantido em cativeiro como sentinelas contra os grandes predadores da última Idade do Gelo, como ursos e leões das cavernas, e outros mamíferos perigosos, como mamutes, rinocerontes lanudos e outros humanos", disse Love Dalén.
Via: www.publico.pt
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Qual animal tem a existência mais miserável?
(acrescentado em 04/12/2019)
A vida do pug é miserável, e eu acho que os pugs são uma raça que nunca deveria ter existido. Mas a nossa peculiar afinidade com o focinho chato e os olhos esbugalhados — resultantes da reprodução seletiva — torna isso possível.
De acordo com este artigo que li, recentemente:
“Os atributos físicos dessa raça internacionalmente popular parecem inseparáveis da própria identidade do pug. No entanto, cada vez mais, alguns desses traços estão sendo reconhecidos como deformidades — ou, como descrito pela Associação Canadense de Medicina Veterinária (CVMA), “transtornos deletérios hereditários”.
Seu rosto plano coloca pugs em um grupo chamado raças braquicefálicas, que inclui bulldogs, shih-tzus e Boston terriers, entre outros. Em 2016, a Associação Veterinária Britânica pediu que as pessoas parassem de comprar cães braquicefálicos em um esforço para reduzir o “sofrimento animal”. Em 2017, veterinários irlandeses aprovaram uma moção pedindo a proibição de toda a publicidade usando animais de rosto achatado. E o nariz arrebitado pode não ser o único problema com pugs: em 2018, um estudo sueco descobriu que cerca de um terço dos pugs não consegue andar corretamente.
Em outras palavras, o que as pessoas podem achar fofo pode na verdade ser cruel — e é um problema que os humanos criaram.
“A maioria das raças que existem agora são feitas pelo homem”, diz Tim Arthur, um veterinário de Ottawa que participa do conselho da CVMA. “Inicialmente, criamos raças de cães porque elas eram funcionais — elas precisavam fazer um trabalho, então construímos um cachorro melhor. Correria mais rápido, caçaria melhor, cheiraria melhor, protegeria melhor. Hoje em dia fazemos cães, até certo ponto, por sua aparência.
O cão pug é uma raça antiga. Através de inúmeras gerações de reprodução seletiva, diz Arthur, pugs e outras raças braquicefálicas tiveram seu maxilar superior empurrado para trás. Esta preferência estética pode produzir uma cascata de efeitos colaterais não intencionais: passagens nasais e gargantas comprimidas, dobras profundas na pele e pálpebras e ductos lacrimais deformados.
Estas características podem resultar em dificuldades para respirar, infecções crônicas na pele, problemas oculares — assim como desconfoto e dor para os animais, e milhares de dólares em cuidados veterinários. Um estudo de 2016 descobriu que quase 70 por cento dos cachorros rastreados tinham pelo menos um distúrbio de saúde”.
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