17 março, 2022

As Veias Abertas de Galeano

A obra mais conhecida do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) é, sem dúvida, As Veias Abertas da América Latina. Nela, Galeano analisa a História da América Latina como um todo desde o período colonial até a contemporaneidade, argumentando contra o que considera como exploração econômica e política do povo latino-americano, primeiro pela Europa e depois pelos Estados Unidos. O livro tornou-se um clássico entre os membros da esquerda latino-americana.
Em Brasília, mais de 40 anos após o lançamento da sua mais famosa obra, durante a 2.ª Bienal do Livro e da Leitura, Galeano admitiu ter mudado de ideia sobre o que escrevera. Disse ele:
"'Veias Abertas' pretendia ser um livro de economia política, mas eu não tinha o treinamento e o preparo necessário". E acrescentou que "eu não seria capaz de reler esse livro; cairia dormindo. Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera".
Essa fala causou alvoroço na imprensa e em adversários de Galeano que logo a tomaram como indício de que o escritor mudara o rumo de suas posições políticas. Numa entrevista posterior, porém, quando questionado em entrevista a Jorge Majfud, publicada no número de junho de 2014 de Le monde diplomatique (apud Wikipedia), sobre o referido comentário, esclareceu:
"O livro, escrito há tanto tempo, continua vivo e saudável. Apenas sou honesto o bastante para admitir que neste ponto de minha vida o velho estilo de escrita me soa por demais pesado, e que é difícil para mim me reconhecer nele, já que prefiro agora ser cada vez mais breve e fluente." E, para deixar clara sua posição, concluiu: "Isso nada tem a ver com (Mario) Vargas Llosa".
Depois de o repórter comentar que tal entrevista estava sendo usada com propósitos ideológicos diametralmente opostos aos de Galeano, este conclui:
"[As] vozes que se levantaram contra mim e contra 'As veias abertas da América Latina', estão seriamente enfermas e agem de má-fé."
Memorial da América Latina
Quem chega ao Memorial pela entrada do metrô de SP, no portão 1, logo encontra a Mão, escultura de Oscar Niemeyer, em cuja palma se vê o mapa da América Latina como que a sangrar. É uma obra emblemática deste continente colonizado, que até hoje luta por sua identidade e autonomia cultural, política e socioeconômica. A escultura é em concreto aparente, pintura em esmalte sintético, com sete metros de altura e que se localiza na Praça Cívica.

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