11 janeiro, 2019

De Thomas Edison à Geração Mimeógrafo

Em 8 de agosto de 1876, o estadunidense Thomas Alva Edison, de Menlo Park, Nova Jersey, recebia a patente de uma de suas invenções mais impactantes, o mimeógrafo, uma máquina de copiar em série. A patente, de número 180.857, abarcava duas invenções de Edison: a caneta elétrica (que deu origem à agulha de tatuagem) e a máquina de cópias (método de preparação de estênceis autográficos para impressão).


Antes da fotocopiadora se popularizar, o sistema de cópia mais comum nas escolas era o mimeógrafo, cujo processo de impressão funcionava da seguinte maneira: o texto era escrito sobre uma folha chamada estêncil (stencil), que continha carbono, e aparecia na outra face do papel. A folha então era colocada sobre um rolo com a parte escrita para cima, e uma manivela era girada para exercer pressão e liberar a tinta que ia na folha em branco.
Os mais novos podem não se lembrar ou nem sequer ter tido contato com o mimeógrafo, mas as gerações passadas certamente se lembram da máquina e do tradicional cheiro de álcool que ela deixava nas folhas, (*) permeando salas de aula em dias de provas, trabalhos e outras atividades.
O mimeógrafo, popularizando o processo de impressão, foi uma verdadeira salvação para inúmeros escritores (Allen Ginsberg, Jack Kerouac e William Burroughs, entre outros) cujos trabalhos desviavam do conteúdo do mainstream. Em seu artigo na revista Galileu, diz Letícia Negresiolo:
"Uma pequena tiragem de 500 exemplares era o suficiente para alcançar milhares de leitores em poucas semanas. Rapidamente, tornou-se instrumento presente nas cenas literárias independentes de Nova York e São Francisco na década de 1950".
No Brasil, tivemos a "Geração mimeógrafo", um fenômeno ocorrido durante a década de 1970, em função da censura imposta pela ditadura militar que levou intelectuais, professores universitários, poetas e artistas em geral a buscarem meios alternativos para a difusão cultural. Reunindo jovens poetas (Capinam, Chacal, Leila Miccolis, Nicolas Behr, Paulo Leminski, Torquato Neto e Waly Salomão, entre outros) que produziam à margem do sistema editorial brasileiro, eles deixaram como legado uma maneira mais livre, leve e solta de escrever, agir artisticamente e viver
Da mesma maneira que, hoje em dia, a internet e as redes sociais possibilitam a difusão de ideias que desafiam o status quo e promovem debates e o engajamento no espaço público, o mimeógrafo, em sua época, foi um instrumento que abriu caminhos, conectou mentes e causou impactos reais na sociedade.
(*)  A conferir: consta que o solvente da tinta mimeográfica era óleo de rícino. (Fonte: Charles Wells)

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