10 junho, 2012

GOOGLE. Projeto óculos

Paulo,
Em breve estarei receitando óculos assim: um cérebro faminto por trás e um cardápio neles.
Esqueceu o nome do velho conhecido? Bump!!! Fotografe, envie e abrace-o enquanto recebe discretamente a biografia do amigo.
- Olá João !
- E Valéria, sua esposa, como está? Tiaguinho já se formou em Medicina? Olha! Espere um telefonema meu no dia seis de junho, seu aniversário.
Finalmente, amigo Paulo, andaremos sem lenço nem documento. A velha expressão "tenho tudo na palma da mão" será coisa do passado.
Teremos tudo na ponta do nariz.
Óculos? Não saia de casa sem eles.
Nelson José Cunha (oftalmologista em João Monlevade - MG)



+ informações
Trata-se de óculos em que a lente corrige a ametropia (se houver) e ainda funciona como tela onde são projetadas todas as informaçōes solicitadas. Como você vai ver, o comando é por voz. Os óculos estão ligados a web e tambem têm a mesma funcionalidade de uma câmera.
Dito isso, vamos descrever o encontro entre dois amigos, sendo que um deles porta o Google Glass.
O cara esqueceu o nome do amigo, fotografa-o com os óculos, envia a foto para um banco de imagens e enquanto dá o abraço no amigo, recebe discretamente as informações sobre ele. As informações aparecem na telinha só para o usuário. Com elas em frente de si, ele pode chamar o amigo pelo nome, perguntar pela esposa e filho etc.
NJC
A alternativa Alckmin
José Maria Alckmin encontra o filho do eleitor.
- Como vai seu pai, meu filho?
- Meu pai já morreu há muito tempo, doutor Alckmin.
- Morreu pra você, filho ingrato. Porque ele continua vivo em meu coração.
PG
Nelson strikes again
Paulo,
Como você sabe, moro em cidade pequena, 70 mil almas ainda não encomendadas. Quando saio a pé, sou prontamente reconhecido pelo nome. São 35 anos de castigo dentro de um consultório atendendo de A a Z (mais A do que Z).
Na rua, passo por seguidos vexames porque minha memória para nomes beira o nível "Alzheimático" (gostou do neologismo?).
Apelo para a alma do Alckmim, o da anedota, mas o seu truque não funciona mais, as pessoas me desafiam a lembrar seus nomes, acho que apenas pelo prazer sádico de me verem balbuciar. Entrego os pontos, confesso que não me lembro e volto para casa humilhado. Pelo menos ainda sei o caminho de volta.
Até quando, amigo Paulo, até quando?
NJC
Nelson,
No consultório, o problema costuma ter solução. Através da secretária que separa a ficha clínica do cliente que você vai atender. Nela estão todos os dados de que você precisa para entabular uma conversa médico-paciente, como você sabe. Um método que só falha quando a secretária, idem. Aí o macete é você se dirigir ao cliente, perguntando: "Como é o seu nome completo?". E torcer para que ele não seja do tipo chato, daquele que responde assim: "Me diga a parte que você sabe que eu lhe digo o resto". É overdose.
Agora, sendo fora do consultório só com o Google Glass mesmo, Nelson. Enquanto isso, vá lendo esta crônica: Lapsos de memória.
PG
Paulo,
Já uso dessa esperteza. Escuto quando a secretária chama o cliente e assim posso surpreendê-lo tratando-o pelo prenome antes que me entregue o prontuário. Delicio-me com o sorriso de satisfação deles, mas algumas vezes, por não ouvir direito, chamo Samuel de Manuel. Alguns, mais ingênuos, ao sairem, comentam com a secretária que tenho excelente memória. Deus está aí de testemunha de que pequenas e bem intencionadas fraudes não estreitam o caminho do céu.
NJC

6 comentários:

Paulo Gurgel disse...

Nelson Cunha encaminhou também este segundo texto para a postagem:
Paulo,
Em breve estarei receitando óculos assim. Todas informaçōes disponíveis na ponta do seu nariz. O Google está desenvolvendo o sucedâneo do celular. Toda funcionalidade de um smartphone embutidas num par de óculos.
Não se trata de ficção científica, pois já existe tecnologia para isto. O grande gargalo para a adoção da computação em nuvem, em que o banco de dados fica distante do usuário, é o enorme volume de dados a ser transferido.
Vencida essa dificuldade, teremos uma extensão da memória biológica em meio eletrônico.
A nossa memória é limitada por razōes de espaço dentro do crânio. O nosso cérebro hierarquiza as informaçōes, relegando a segundo e terceiro plano, as memórias não essenciais.
"Vestir" a internet é a proposta do Google com sua invenção. Há quem especule que estamos no limiar de um salto na evolução da espécie quando seremos legítimos cyborgs.

Nelson Cunha disse...

Paulo,
Como você sabe, moro em cidade pequena, 70 mil almas ainda não encomendadas. Quando saio a pé, sou prontamente reconhecido pelo nome. São 35 anos de castigo dentro de um consultório atendendo de A a Z ( mais A do que Z).
Na rua, passo por seguidos vexames porque minha memória para nomes beira o nîvel Alzheimático ( gostou do neologismo?).
Apelo para a alma do Alkmim, o da anedota, mas o seu truque não funciona mais, as pessoas me desafiam a lembrar seus nomes, acho que apenas pelo prazer sádico de me verem balbuciar. Entrego os pontos, confesso que não me lembro e volto para casa humilhado. Pelo menos ainda sei o caminho de volta.
Até quando, amigo Paulo, até quando?

Nelson Cunha disse...

Paulo,
Já uso dessa esperteza. Escuto quando a secretária chama o cliente e assim posso surpreendê-lo tratando-o pelo prenome antes que me entregue o prontuário. Delicio-me com o sorriso de satisfação deles, mas algumas vezes, por não ouvir direito, chamo Samuel de Manuel. Alguns, mais ingênuos, ao sairem, comentam com a secretária que tenho excelente memória. Deus está aí de testemunha de que pequenas e bem intencionadas fraudes não estreitam o caminho do céu, se é que ele tambem não seja.

Paulo Gurgel disse...

"...se é que ele não também não seja..."
Não está havendo uma ruptura na ordem lógica da frase?

Nelson Cunha disse...

Escrevi isso?
" se é que ele não tambem não seja"
A frase correta é essa aí de cima, com um " não" a menos.

Paulo,
Um ateu em tempo de tanto fundamentalismo tem de disfarçar. Assim fizeram os cristãos romanos, os cristãos novos na Ibéria e os burgo-petistas de hoje.

Tenho que complicar a frase porque sua explicitude chocaria quem pudesse lê-la.

Paulo Gurgel disse...

A colega Maria Auxiliadora enviou-me este e-mail:
Boa noite, Paulo!
Gostei de encontrar o Nelson no Entrementes. Suas histórias, seu humor...
Abraços.