Mais do que uma agremiação literária, a Padaria Espiritual foi um breve, mas produtivo, movimento cultural que destacava o nacionalismo, a irreverência e a criatividade de uma parcela de intelectuais que, através do humor e da crítica social, produziu "um movimento literário modernista que antecedeu em muitos anos a Semana de Arte Moderna. Fariam história." (in: Breve História da Padaria Intelectual)
Na Padaria Espiritual, não se via algo parecido com a antropofagia, pois na capitania de Siará Grande não se admitia essas coisas entre os curumins. Estes buscavam a convivência lúdica, saudável e civilizada das cunhãs e cunhatãs, nos lugares apropriados, ou seja, nas alcovas, praças, cinemas, praias, pé de serra, caatinga, ribeirões, açudes e Cine São Luiz.
Em suma, em qualquer lugar onde havia uma cabrita saltitando de paixão, quase implorando para ser o prato principal das canetas antropófagas dos curupiras transformados em Padeiros.
Os Padeiros da Padaria Espiritual eram modernistas muito tempo antes de 1922 e os modernistas de 1922 foram Padeiros de um pão meio dormido, mas a fornada de seus pães foi muito mais abrangente e cosmopolita.
Sem ufanismos tolos, o Ceará é pioneiro em tanta coisa que, um dia, algum historiador mais sério vai acabar provando que o Brasil somente foi descoberto quando os invasores portugueses avistaram os "verdes mares bravios onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba", ainda que existam registros históricos sobre os tais invasores aportarem - mesmo sem ter porto - em Porto Seguro e Cabrália.
Maiores informações sobre a Padaria Espiritual podem ser obtidas no livro "Breve História da Padaria Espiritual", do escritor Sânzio de Azevedo, professor da Universidade Federal do Ceará e membro da Academia Cearense de Letras – ACL. Este livro pode ser obtido na Editora da Universidade Federal do Ceará.
Fernando Gurgel Filho, de Brasília
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