05 março, 2023

Novas Ilusões

Nova Ilusão, 1941
Autores: Pedro Caetano e Claudionor Cruz
Intérpretes: Renato Braga, Lúcio Alves, Paulinho da Viola e Zélia Duncan
É dos teus olhos a luz, que ilumina e conduz minha nova ilusão. É nos teus olhos que eu vejo o amor e o desejo do meu coração. És um poema na terra, uma estrela no céu, um tesouro no mar. És tanta felicidade, que nem a metade consigo exaltar. Se um beija-flor descobrisse a doçura e meiguice que teus lábios tem, jamais roçaria as asas brejeiras por entre roseiras em jardins de ninguém. Oh, dona dos sonhos, ilusão concebida, surpresa que a vida me fez das mulheres! Há no meu coração um amor em botão que abrirás se quiseres.
As histórias dos bastidores da canção, por Laura Macedo. In: http://blogln.ning.com
Numa terça-feira do verão carioca de 1941, quatro dias antes de estrear o show no Golden Room do Copacabana Palace, Sílvio Caldas encontrou-se por acaso com o seu velho amigo Claudionor Cruz. Sabendo da estreia de Sílvio, grande cartaz a época, Claudionor ofereceu para lançar no show uma valsa inédita, apaixonada, seresteira como as que Sílvio gostava e como as que Claudionor fazia tão bem com seu parceiro Pedro Caetano. Sílvio Caldas, ele próprio compositor de belas valsas, agradeceu. Valsas tinha muitas. Que tal Claudionor e Pedro fazerem um samba. Um samba choro nos moldes de "Da cor do pecado", música e letra de Bororó, que o próprio Sílvio gravara com sucesso, em 1939. Não querendo perder a oportunidade Claudionor Cruz prometeu a Sílvio Caldas entregar o novo samba no dia da estreia, sábado. Promessa difícil de cumprir porque Pedro e Claudionor moravam um no centro e o outro no subúrbio e não poderiam se encontrar antes disso. Foi de Pedro Caetano a ideia e Claudionor aceitou na hora. Ele, Pedro, faria uma nova letra para "Da cor do pecado", ou seja, com o mesmo número de versos, cada verso com o mesmo número de sílabas, observando a pontuação e a acentuação melódica de Bororó. Ao mesmo tempo Claudionor faria a melodia que coubesse perfeitamente na letra de "Da cor do pecado". Primeira e segunda partes prontas, letra e melodia casadas, samba intitulado “Nova ilusão”. Sílvio Caldas aprendeu um pouco antes de entrar em cena. Lançou na noite de estreia, mas por algum motivo jamais o gravaria. Quem fez primeiro foi Renato Braga, irmão do compositor João de Barro, o Braguinha. Nada aconteceu. Em março de 1953, Lúcio Alves reviveu com arranjos de Radamés Ganattali, já então como samba canção. E as lições que ficam dessa história são pelo menos três: uma, o atestado do imenso talento de Pedro Caetano e Claudionor Cruz, dois gigantes da nossa música popular brasileira, ambos hábeis tanto em letra como em melodia. Outra lição: a de que até um Sílvio Caldas podia errar na hora de escolher o que gravar. A terceira: a de que o novo samba nasceu para ficar, sobretudo quando revivido mais de trinta anos depois por Paulinho da Viola (vídeo 1).



Nova Ilusão, 1948
Autores: Zé Menezes e Luiz Bittencourt
Intérpretes: Os Cariocas, Billy Eckstine e João Gilberto (vídeo 2)
Foi o destino talvez causador desse samba infeliz, ter você junto a mim outra vez, relembrar todas as juras que fiz. Tão satisfeito fiquei ao sentir nosso amor reviver, eu nem sei se sorri ou se chorei, custei até mesmo a crer. Recomeçamos assim a nossa felicidade, jamais alguém pensaria que aquela amizade viesse de novo a ter fim. Mas durou pouco afinal, essa nova ilusão terminou e não sei, se por bem ou por mal, você foi e não voltou.



José Menezes de França nasceu em 06/09/1921, em Jardim, Ceará. Compositor, arranjador e multiinstrumentista, dominava o cavaquinho, o bandolim, o banjo, o violão tenor, o violão de 6, 7 e 10 cordas, a guitarra e o contrabaixo. Em 1948, teve sua primeira composição gravada, o samba "Nova Ilusão", lançado pelo grupo "Os Cariocas", na gravadora Continental. Esse samba, inclusive, acabou se tornando o prefixo das apresentações do grupo. In: Zé Menezes, o craque das cordas

É permitido criar músicas com nomes de outras músicas que já existem?
Canções são mais que títulos e, na visão prática da lei, títulos (que são frequentemente muito curtos) não podem ter seus direitos autorais garantidos. Violações de direitos autorais requerem uma reprodução ou imitação substancial de conteúdo. Não podemos reclamar para nós o direito sobre as palavras "eu te amo", por exemplo, porque não há tantas formas de dizer a mesma coisa, convenhamos. Sequências de acordes também não têm direitos autorais; melodias e letras, por outro lado, sim.
https://pt.quora.com (Sealtiel) 
Se estiver em dúvida, consulte a Lei 9.610/98. Veja o que ela diz:
Art. 8º Não são objeto de proteção como direitos autorais de que trata esta Lei:
VI - os nomes e títulos isolados;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm

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