Dinheiro e santidade, metade da metade.
Exemplo - João passa pelo golpe de perder a sogra, que todos julgam rica. Atribuem-lhe: uns, duzentos; outros, trezentos contos. João tem urgência de ir à Europa para se consolar, e a liquidação da herança é demorada. João tem um plano: divide 300 contos pela metade e verifica 150; divide 150 e acha 75 contos. Fiel à sabedoria popular vende a herança pelos 75 contos e só daí a 6 meses é que sabe que o comprador apurou 400 contos.
Não deixes o certo pelo duvidoso.
Exemplo - Pedro tem uma briga no teatro. O adversário jura-lhe que lhe quebrará a cara nessa mesma noite. Pedro tem dois caminhos para a casa. No caminho nº 1 está de tocaia o inimigo, segundo lhe avisam; no nº 2 Pedro não sabe quem o espera. Fiel à sabedoria popular, Pedro segue pelo nº 1, onde a sova é certa, e deixa o nº 2, onde é duvidosa. Também, com a sua prudência, Pedro não esqueceu de levar no bolso o seu frasco de arnica.
Duro com duro não faz bom muro.
Exemplo - Paulo possui um terreno aberto e resolve cercá-lo. Chama o pedreiro.
- Quer v. s. o muro de tijolos?
- Não, responde Paulo.
- De pedra?
- Também não.
- Então, de pedra e tijolo?
- Não, diz Paulo. "duro com duro não faz bom muro". Construa de barro.
Constrói-se o muro de barro, e Paulo fica radiante com a sabedoria popular durante oito dias. Até a primeira chuva.
Falar é prata, calar é ouro.
Exemplo - Para um banquete no Itamaraty, recebe Sancho um convite. Enfia a casaca e vai. Senta-se, e os criados circulam.
- V. ex. é servido?
Sancho, fiel ao rifão está mudo. O prato segue.
Vem outro criado:
- V. ex. é servido?
Sancho, mudo como um pote.
Aparece outro criado...
Outro...
Mais outro...
Sancho, grave, nada responde diante do seu prato vazio.
Terminado o banquete, volta Sancho para casa, e como sente o estômago nas costas, vai ao guarda-comida e rói a sua códea de pão em silêncio.
CARETA, nº 40 (06/03/1909), p 9/36
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