por Fernando Gurgel Filho, de Brasília
No Brasil, temos leis penais que podem ser enquadradas nestes casos. Algumas, apenas criam criminosos sem resolver o problema social inerente ao crime que pretendem erradicar. Outras, além de criar criminosos desnecessariamente, são totalmente inócuas por não alcançarem um número que justifique a criminalização do ato.
Na minha opinião, as leis que tratam dos graves problemas dos entorpecentes e do aborto podem ser enquadradas no primeiro caso. A redução da maioridade penal, no segundo.
De qualquer forma, em ambos os casos, são leis que apenas potencializam o problema social, aumentando a periculosidade dos indivíduos apenados e ampliando o alcance do problema para camadas da sociedade que, sem a criminalização pura e simples, não teria como se "beneficiar" de seus efeitos.
Apenas para exemplificar, com um exemplo simples e contundente, podemos citar o caso da famosa "Lei Seca" americana: "O efeito causado pela lei foi totalmente contrário ao que era esperado. Em vez de acabar com o consumo de álcool, e com os problemas sociais relacionados, entre outros, a lei gerou a desmoralização das autoridades, o aumento da corrupção, as explosões da criminalidade em diversos estados e o enriquecimento das máfias que dominavam o contrabando de bebidas alcoólicas. O ponto de encontro das pessoas que bebiam eram os bares clandestinos localizados em espaços subterrâneos, com o objetivo de não chamar a atenção". Fonte: Wikipedia
No caso da redução da maioridade penal, segundo algumas instituições de proteção ao menor e ao adolescente no País, de cerca de 20 milhões de menores e adolescentes aqui existentes, 0,1%, ou seja, 20 mil cumprem medidas sócio-educativas, e destes, cerca de 2 mil – 0,01% do total de menores – respondem por homicídios.
Segundo a Unicef: "Os dados de 2009 revelam que, para cada mil pessoas de 12 anos, 2,61 serão assassinadas antes de completarem a adolescência. Esse número aumentou para 2,98 em 2010, o que representa um aumento inquietante da violência letal contra adolescentes no Brasil", Fonte: Homicídios na Adolescência no Brasil, UNICEF
Vejam a proporção: 0,01% de crianças e adolescentes matam, quase 0,03% morrem. E os motivos são os mesmos: pobreza, exclusão social, falta de oportunidades, corrupção e violência praticada pelos pais, policiais, meios em que vivem. Em suma: completa ausência do Estado que lhes dê amparo e os proteja.
Os graves problemas sociais que geram essas estatísticas serão corrigidos se a sociedade aumentar a penalidade para esses menores e adolescentes já condenados, por antecipação, à pena de morte?
Nenhum comentário:
Postar um comentário