por Fernando Gurgel Filho
Hannah Arendt, ao fazer uma reportagem sobre um dos carrascos nazistas que iria ser julgado por seus crimes contra a humanidade, esperava encontrar um monstro, não um ser humano.Foi surpreendida. Encontrou apenas um ser humano comum. Muito comum até. Banal.
Talvez a psiquiatria explique. Ou não. Porque há pessoas portadoras de problemas mentais, alguns muito graves e perigosos para a sociedade, não os aparentem. São pessoas comuns. Muito comuns até.
Assim, transitam entre nós pessoas com as mais diversas taras e problemas mentais. Pedófilos, masoquistas, sádicos, suicidas e toda uma gama de desajustados socialmente que é praticamente impossível catalogá-los todos.
Então, dentre esses comprovadamente desajustados, é de se compreender perfeitamente que alguns tenham verdadeira adoração por Hitler, Stalin, Gengis Khan, Mao, Médici, Pinochet... Como outras pessoas teriam por Ghandi, Bob Dylan, os Beatles e os Rolling Stones.
Afinal de contas, ditadores têm tudo que essas pessoas desejam. Torturam, matam, exilam... São especialistas em "banalizar o mal", o sofrimento... Provocam toda espécie de sofrimento aos seres humanos. (Para masoquistas e sádicos, um prato cheio e extremamente saboroso.)
Então, não me causa espanto, apesar da aparência "normal" de alguns amigos, que estes defendam uma ditadura militar.
Creio que estão sendo sinceros. Pena que não procurem ajuda médica.
N. do E.
Em 1963, Arendt lançou "Eichmann em Jerusalém", reunindo os cinco artigos que ela escreveu sobre o julgamento de Eichmann, que cobriu para a The New Yorker. Nesse livro, Eichmann não é retratado como um demônio (como o descreviam os ativistas judeus) mas alguém terrível e horrivelmente normal. Um típico burocrata que se limitara a cumprir ordens, com zelo, por amor ao dever, sem considerações acerca do bem e do mal.
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