03 outubro, 2014

Carta aberta a FH

Caro FH,
Votei no senhor mais vezes que em qualquer outro candidato.
A última vez em que fiquei pessoalmente arrasado com a derrota de alguém foi quando o senhor perdeu a prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros.
Deixei de votar no PSDB quando o partido começou a se tornar o que é hoje: uma reedição da UDN de Lacerda, em que ao moralismo demagógico e cínico se soma um conservadorismo petrificado.
Atribuí este movimento rumo à direita, em certo momento, a Serra. Mas hoje tenho clareza de que o senhor também empurrou o PSDB para o neoudenismo que o vai transformando em quase nada.
Faz já algum tempo que não espero muita coisa do senhor, dadas suas manifestações públicas.
Ainda assim, mesmo com expectativas baixas, fiquei surpreso com seu palavreado chulo numa entrevista dada à Veja.
O senhor é a Veja. A Veja é o senhor. É uma comunhão patética para um sociólogo que entrou para a política com o propósito de renová-la, na redemocratização do país, no final da década de 1970.
A frase que simboliza seu mergulho nas trevas foi destacada e louvada pela Veja: “É preciso tirar essa gente do poder.”
Essa gente.
Fosse outra a época, e os militares estivessem à espera de uma chance para derrubar um governo eleito, o senhor estaria certamente dizendo aquela frase a generais, como Lacerda. E a repetiria, em inglês, a representantes do governo americano.
Votos, senhor. É com votos que o seu partido poderia tirar “aquela gente” do poder.
Mas onde estão estes votos? O senhor imaginava que o apoio da plutocracia e da mídia traria votos para o PSDB? Foi o mesmo delírio que teve, no passado, a UDN.
Como um estudioso, o senhor deveria conhecer isso, para não repetir o mesmo erro. Esta miopia, hoje, me faz duvidar até de sua capacidade como intelectual.
Como demagogo, o senhor repete que o maior problema do país é a corrupção, para enganar o povo. Partindo de um homem que se reelegeu graças à compra de votos no Congresso, é algo que mistura comédia com tragédia, descaro com mistificação.
Ora, a real tragédia nacional é a abjeta desigualdade, e contra ela suas realizações, como presidente, são medíocres.
A idade melhora certas pessoas. Um contemporâneo seu, o Papa, é um dos combativos propagadores da causa da justiça social.
Quando comparamos a essência das declarações de Francisco e as suas, vemos grandeza épica de um lado e pequenez míope de outro.
Com tudo isso, não me arrependo dos votos que dei para o senhor. Prefiro pensar que votei num outro homem, com outras ideias e outros propósitos. E não na versão do século 21 de Carlos Lacerda, o Corvo, com o mesmo reacionarismo mas sem a verve da versão original.
Sinceramente.
Paulo Nogueira, diretor do DCM

"Que paulada, hein, Paulo?"

Carta extraviada a Aecim
Será que Aécio acha que os funcionários administrativos dos Correios, todos de carreira, mesmo tampando o nariz ao olhar a cara dele, são tão pouco profissionais ou tão tolos que iriam atirar milhões de papéis no lixo?
É assim que ele acha que servidor público age?
A palhaçada é tão grande que os Correios mantêm uma página na Internet para convidar e orientar qualquer candidato que deseje mandar material postal. ~ Tijolaço


"Uai, essa carta é assim: você lê, só ele que não lê."

04/10/2014 - Atualizando...
O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, acaba de antecipar ao 247 uma decisão tomada pela direção da estatal neste fim de semana. "Vamos processar o senador Aécio Neves e o PSDB", disse ele. "Estão fazendo ataques levianos, mentirosos e irresponsáveis aos Correios, uma empresa que tem 350 anos de história e tem a confiança de praticamente todos os brasileiros".
Pinheiro afirma que todos os materiais de mala direta contratados pelo PSDB, assim como pelos demais partidos políticos, foram entregues dentro dos prazos e condições pactuadas – salvo nos casos em que houve restrições dos condomínios. Numa entrevista coletiva concedida dois dias atrás, ele também informou como foi a entrega das mais de 11 milhões de peças contratadas pelo PSDB. "Uma empresa séria, como os Correios, não pode ser alvo de uma leviandade para criar um factoide eleitoral", afirma.
Indignado, Wagner diz que a decisão de processar Aécio foi tomada neste sábado (4). "Ele continua mentindo, mesmo depois de todas as explicações que foram dadas", afirma. "Desconfio até que isso faça parte de um projeto político para fragilizar a imagem da instituição para uma eventual privatização. Como eles devem estar acreditando que podem vencer as eleições, o que eu duvido que aconteça, podem querer retomar o projeto de privatização dos Correios, que foi iniciado quando o Pimenta da Veiga (atual candidato do PSDB ao governo de Minas) era ministro das Comunicações".

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