07 junho, 2020

Carta de um químico

Ouro Preto, zinco de agosto de 2014

Querida Valência:
Sinto que estrôncio perdidamente apaixonado por ti. Ao deitar-me, quando descálcio meus sapatos, mercúrio no silício da noite, reflito e vejo que me sinto sódio. Então, desesperadamente, cloro.
Sem ti, Valência, minha vida é um inferro. Ao pensar que tudo começou com um arsênio de mão, cloro de vergonha. Sabismuto bem que te amo. Embora não digas, sei que gostas de um tal de Hélio e também do Hidro-Eugênio. De antimônio, posso te assegurar que não sou nenhum érbio e que trabário para viver.
Oxigênio cruel tu tens, Valência! Não permitas que eu cometa algo er rádio.
Lembro-me de que tudo começou no ânion passado, com um arsênio de mão, quando atravessávamos uma ponte de hidrogênio. Estavas num carro prata, com rodas de magnésio. Houve uma atração forte entre nós dois, acertamos os nossos coeficientes, compartilhamos os nossos elétrons e a ligação foi inevitável. Inclusive depois, quando te telefonei, respondeste carinhosamente: "Protão, com quem tenho o praseodímio de falar?".
Por que me fazes sofrer tanto assim, sabendo que tu és a luz que me alumina? Meu caso é cério, mas não ácido razão para um escândio social.
Soube que a Inês contou que eu te em bromo com esse namouro. Manganês, deixa de onda e não acredita niquela disser, pois sabes que nunca agi de modo estanho contigo. Aliás, se não tiveres arranjado outro argôniomento, procura um Avogadro e me metais na cadeia. Lembra-te, porém, que não me sais do pensamento.
Abrácidos deste que muito te ama.
Magnésio

Fonte: internet, com fusão de duas versões e uma terceira autoral.

Arquivo: Tem remédio? (13 ago 2010) PGCS

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