NO CAMINHO, COM MAIAKOVSKI
[...]
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]
Este poema (cujo trecho mais conhecido publico acima) já foi envolvido em uma série de equívocos quanto à atribuição da autoria. Para alguns, o texto era do poeta russo Vladimir Maiakovski. Para outros, o verdadeiro autor era o dramaturgo alemão Bertold Brecht.
Na verdade, o poema é de Eduardo Alves da Costa, um poeta brasileiro nascido em Niterói–RJ.
De acordo com ele, este engano surgiu na década de 1970, quando o psicanalista Roberto Freire incluiu em um de seus livros o poema, dando o crédito ao escritor russo (e citando Eduardo Costa como tradutor).
Com a introdução da internet no país, o equívoco massificou-se.
"No caminho, com Maiakovski" é uma manifestação de revolta à intolerância e à violência impostas pela ditadura militar.
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