O Desenhista, um menino feito de 2.000 peças, capaz de desenhar com um lápis que ele segura em sua mão. Pode desenhar um cachorro, nobres que dançam, um Cupido que dirige uma carruagem puxada por uma borboleta e um retrato de Luís XVI. Enquanto ele desenha os olhos seguem sua mão, ele mexe-se em sua cadeira e, por vezes, levanta o lápis para soprar o pó sobre a página.
A Musicista, criada a partir de 2.500 peças, que pode tocar cinco músicas diferentes pressionando as teclas de um órgão com os dedos. Enquanto ela toca seus olhos acompanham os movimentos de suas mãos, seu peito se move como se ela estivesse respirando e diz um "olá" entre as músicas que executa.
E o Escritor, construído com 6.000 peças, que pode escrever qualquer sentença de até 40 caracteres programada com antecedência. Ele mergulha a pena da caneta no tinteiro, evita respingar tinta na página e, em seguida, manuscreve enquanto seus olhos seguem sua mão.
Pasmem-se. Estas três máquinas maravilhosas, que estão atualmente no Museu de Arte e História, de Neuchâtel, foram criadas por Jaquet-Droz entre 1768 e 1774.
Como diz Mario G. Losano:
Quando a técnica sonha, nascem os autômatos. As biografias de "máquinas que trazem em si o princípio do próprio movimento", como os enciclopedistas definiram os autômatos, descrevem alguns desses sonhos, surgidos na fonteira entre ciência e ilusão, genialidade e trapaça. Como a alquimia ao surgir da química moderna, a raça dos autômatos desaparece quando as máquinas se tornam objetos cotidianos. Um mundo que não adianta comparar àquele da técnica atual: sua finalidade não era o uso e a reprodução, mas a experiência de um feito único e surpreendente.
Losano, Mario Giuseppe, 1939 - História de autômatos (tradução Bernardo Joffily).
São Paulo: Companhia das Letras, 1992
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