Na Europa, como acontecia na Grécia antiga, objetos inanimados tiveram de ser, por vezes, punidos por seus "crimes". Após a revogação do édito de Nantes, em 1685, a capela protestante de La Rochelle foi condenada a ser demolida, mas o sino, talvez por respeito a seu valor, foi poupado. No entanto, para expiar o crime de ter chamado hereges para as orações, ele foi condenado a ser batido (surrado), enterrado e depois desenterrado, como forma de simbolizar o novo nascimento de passar para as mãos católicas. Posteriormente, foi catequizado, obrigado a retratar-se e a prometer que nunca mais recairia no pecado. Tendo cumprido essas indispensáveis etapas, o sino foi batizado e dado, ou melhor, vendido à paróquia de São Bartolomeu. Mas, quando o governador enviou a conta do sino à paróquia, os paroquianos se recusaram a pagá-la, alegando que o sino, como um recém-convertido ao catolicismo, tinha direito a uma lei recentemente assinada pelo rei, que permitia a todos os novos convertidos uma suspensão de três anos no pagamento de suas dívidas.
James George Frazer, Folk-Lore in the Old Testament, 1918
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