Só flancos, atacam a pizza por todos os lados. Ajudados pelo fato de ela já chegar cortada à mesa de refeição. Agora, por que a dividem em pedaços desiguais, se isso só serve para privilegiar os comensais mais rápidos? Bem, aplicar a lei de Gerson é preciso, pode ser a resposta.
Quem come escargot e caviar é gastrônomo, e quem come pizza? Diz-se que não passa de um reles comedor, equiparado ao farofeiro de praia (cujo nível é o do mar, claro). Pois não há sofisticação alguma em se pedir uma quatro-queijos, besuntá-la de mostarda e ketchup e, na sequência, perpetrar o pior: fazê-la descer, goela abaixo, na companhia de uma coca-cola.
A propósito, como explicar também o não aparecimento, até hoje, de uma pizza na versão diet?
É lastimável que o Instituto do Peso e Duas Medidas se mantenha omisso em assunto de sua competência. E não tenha dado a palavra final sobre o tamanho dos discos. Sabendo que estes, deixados ao alvedrio dos donos das pizzarias, tendem ao gradual encolhimento. De sorte (?) a acontecer o seguinte: "gigante" virar "brotinho", "brotinho" virar... canapé - e sem que se detecte o menor remorso neles! Enquanto nós, os come-pizzas, espichamos o dinheiro.
A entrega domiciliar é um caso (de polícia) à parte. Não poucas vezes, a pizza vem gelada e a cerveja, quente. Se é isso em obediência à lei da compensação, ora, dispensamos o cumprimento da referida lei. Como também pedimos que, haja o que houver, não vá o entregador além das pizzas. Significando isto resistir à provocação de mulher que, na ausência do marido, entende de priorizar o sexo sobre o estômago.
Por essa e anteriores, bem que o mafioso prato está a merecer uma CPI. Mas, se possível, que não acabe em pizza.
Crônica publicada, em 05/04/94, na seção Cartas, do jornal Diário do Nordeste e, em 17/04/94, no Jornal do Leitor, de O Povo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário