Poderia ser chamado de farol do cafundó-de-judas, do caixa-pregos, do cornimboque do Diabo ou de farol com qualquer outra expressão do gênero. Que desse a idéia de estar situado num local ermo, afastado. Ou, ainda, simplesmente ser chamado de O Farol (menos de O Farol do Fim do Mundo, porque aí já seria plagiar Julio Verne). E, digamos que o farol em questão (Santa Sutileza, que quase me fez dizer "em foco"!) fora erigido numa ilha pequena e montanhosa - uma ilhota! A fim de que, na escuridão da noite, protegesse as embarcações da destruição contra os arrecifes. E, desse modo, evitar que vidas humanas servissem de repasto aos tubarões.
Quantos rochedos e arrecifes havia por ali onde um navio, em noite de breu, poderia bater! Sobrosso acontecia algum, porém aquele farol era a única garantia para uma nau atravessar aquelas águas sem... sobroço. Daí a importância do trabalho do guardião do Farol. Subir, todas as noites, a comprida escada helicoidal que ia dar na sala onde ficavam as grandes lanternas. A seguir, ajudado por Georges, imediato de guardião, encher de óleo o reservatório das grandes lanternas, as quais eram postas a iluminar o oceano (mas não todo o oceano, como pensava Georges).
Uma noite, porém, o faroleiro notou que muitas das residências da ilhota estavam às escuras. Pois que existiam outros moradores naquela ilhota (afinal, vocês não estão lendo o romance de Julio Verne). E ele procurou saber o motivo de tanta escuridão doméstica. "A falta de óleo para as lâmpadas", responderam-lhe. "E o navio de suprimento não vem antes de um mês. O que é a ironia, senhor. Mandamos luz para o oceano, mas não a temos em nossas casas". Embora não gostasse muito desse "mandamos" (pois era ele quem mandava), o guardião ficou de estudar a solução.
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