Começa pelo signo, que é aquele dos peixinhos, um no sentido contrário do outro. Sua cor é a amarela. Em contrapartida, sua pedra é qualquer uma que incomode no sapato.
Seu prato favorito, o contrafilé, e sua bebidinha, o licor "Cointreau". No círculo de amizade, apenas estão os contraparentes.
O medo que sente do mar. Para contrabalançar tentou a carreira na Marinha. Desistiu, porém, ao perceber que levaria tempo demais para chegar a contra-almirante.
Numa contradança, conheceu a mulher de sua vida. Era contramestra. Depois de avaliar todos os contras, topou o himeneu. Mas ainda não têm filhos por causa dos contraceptivos.
Nas horas de ócio, toca contrabaixo pelo prazer de estar nas contra-oitavas. Ou, então, lê livros e mais livros embora não passe das contracapas.
Rigoroso no ato de comprar, não admite ser logrado no contrapeso. No entanto, quando a mercadoria é de contrabando fecha negócio na contraluz, isto é, no escuro.
Não receia andar na contramão. Se flagrado, sorri contrafeito e enfrenta a multa com uma contraproposta. Quando necessário vai fundo na contravenção.
Periodicamente, sofre de uma contratura muscular que contraverte a lógica. Porque só experimenta alívio quando toma um medicamento contra-indicado.
E acha que os tempos mudaram para melhor, mercê dos contratempos. Está firme no contrapé. E, contra tudo e contra todos, crê na vitória definitiva do contra-senso.
Eis aí a resenha comportamental de um homem do contra. Um homem do contra em meio às contradições de sua época.
Publicada em 1989 na antologia "Letra de Médico". Também postada no Preblog.
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