Em Fortaleza dos anos 80, funcionou no térreo do edifício Marinho de Andrade, na Avenida Beira-Mar, este barzinho do Otávio Santiago.
Um dos seresteiros mais conhecidos da cidade, naquela época, Santiago montou uma casa noturna onde recebia os amigos e os admiradores de sua voz. Uma voz belíssima, a serviço da seresta tradicional, ao tempo em que eram ainda assíduas as canções de Silvio Caldas, Francisco Alves e Orlando Silva.
No Santiago Drinks, nem sempre ele estava em seu ofício de cantar. Costumava ficar atrás de um pequeno balcão, a conversar com amigos, embora fizesse periódicas interrupções em sua prosa – sabia identificar os momentos certos – para interpretar uma ou várias canções. Na maior parte do tempo, eram os próprios freqüentadores da casa que a mantinham sob o clima musical. Pois, em suas mesas, cantores e instrumentistas (geralmente violonistas) estavam sempre a postos para mostrar a arte.
O bar era modesto e pouco espaçoso, apesar do truque dos bancos colocados nas paredes (e estas com uma mostra permanente de fotografias de cantores e compositores brasileiros). Ocupava uma sala comercial, e dispunha de umas poucas mesas além do já citado balcão do Santiago, atrás do qual ficavam também as bebidas. Um ajudante dele é que se encarregava de levá-las até as mesas, conforme fossem solicitadas. Não tinha o bar qualquer serviço de cozinha. E era a esse ajudante a quem eu também recorria, quando ao passar das horas a fome apertava, para me trazer algum repasto de uma delicatessen próxima. Recompensando-o, ao fechar a conta, pelo serviço externo prestado.
No barzinho do Santiago, a mais inesquecível das noites foi acontecer em um meio de semana. Quando se deu, ao acaso, um encontro musical do Canhoto da Paraíba com o cearense Zivaldo Maia, dois virtuoses do violão. Num cordial enfrentamento de cordas que só fez bem à música popular brasileira.
No onividente YouTube encontrei este vídeo caseiro. Registra Otávio Santiago cantando na festa de aniversário dos 85 anos do maestro Mozart Brandão.
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