Existe uma diferença entre o grafite e a pichação. Ambas tendem a alimentar discussões acerca dos limites da arte, sobre arte livre ou arte-mercadoria, liberdade de expressão, sobre Pollock, Rothko e Basquiat.
O grafite, em princípio, é bem mais elaborado e de maior interesse estético, sendo socialmente aceito como forma de expressão artística contemporânea, respeitado e mesmo estimulado pelo Poder Público. Já a pichação é considerada essencialmente transgressiva, predatória, visualmente agressiva, contribuindo para a degradação da paisagem, vandalismo desprovido de valor artístico ou comunicativo. Costumam ser enquadradas nessa categoria as inscrições repetitivas, bastante simplificadas e de execução rápida, basicamente símbolos ou caracteres um tanto hieroglíficos, de uma só cor, que recobrem os muros das cidades. A pichação é, por definição, feita em locais proibidos e à noite, em operações rápidas, sendo tratada como ataque ao patrimônio público ou privado, e portanto o seu autor está sujeito a prisão e multa (artigo 65 da Lei 9.605/98 - Lei dos Crimes Ambientais).
O grafite tende a ser feito em locais permitidos ou mesmo especialmente destinados à sua realização.
Sobre Pollock: [1] [2] [3] [4]
A placa que mantém um hospital livre de pichações
Todos os prédios da redondeza estão pichados, mas as paredes do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, na Avenida Independência, em Porto Alegre, permanecem limpas. Nem sempre, no entanto, foi assim – antigamente, o prédio era completamente pichado. A mudança aconteceu depois da instalação de uma pequena placa de metal na fachada, há 12 anos."Atenção, Sr. Pichador – Sua mãe, sua irmã, sua esposa ou até mesmo sua filha podem precisar de atendimento neste Hospital Público. Os recursos necessários para tal atendimento podem ter sido gastos para corrigir os estragos feitos pelo seu ato. Por favor, cooperar com a saúde pública", diz a mensagem. Segundo a equipe da instituição, é essa placa que garante a "imunidade" do hospital aos pichadores. E a ideia – veja só – foi de quem geralmente leva a culpa por tudo dentro de uma empresa – o estagiário. ;-)
Via Blue Bus
Careri: apagar grafite é como queimar livros
Os romanos já faziam. Os gregos também. O grafite não foi invenção dos paulistanos, diz o arquiteto e escritor italiano Francesco Careri.
Professor de estudos urbanos da Universidade Roma Tre, onde também dirige o programa de pós-graduação "Artes, arquitetura, cidades", Careri afirma que os rabiscos nos muros são uma forma milenar de expressão.
Para ele as paredes ainda ocupam um espaço inalienável: dizer o que não é dito em nenhum outro meio, falar da vida da cidade para todos, até para quem não sabe ler.
Grafite: se permite; pichação é predação. ~ Paulo Gurgel
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