22 julho, 2015

A língua muda a nossa maneira de ver e recordar o mundo?


A pesquisadora Aneta Pavlenko acredita que sim. Segundo ela, o nome que colocamos nas coisas ou as nuances dos verbos de ação podem influenciar a forma como o nosso cérebro vê o mundo, a tal ponto que uma pessoa bilíngue pode mudar sua perspectiva, dependendo de que linguagem ela usa.
No site da NPR, Pavlenko lembra o que aconteceu ao famoso escritor Vladimir Nabokov em suas memórias. O autor de "Lolita", que falava perfeitamente russo, francês e inglês, publicou primeiro o seu livro em inglês, e quando lhe pediram uma edição russa, ele descobriu que se lembrava de outras coisas:
"Quando Nabokov começou a traduzir o livro para o russo, ele se lembrou de um monte de coisas que havia esquecido quando estava escrevendo em inglês; portanto, em essência "Lolita" se tornou um livro diferente", disse Pavlenko. "Ao ser publicado em russo, o autor percebeu que, para apresentar sua infância de maneira correta aos leitores de língua inglesa, teria de fazer uma nova versão. Assim, a versão da autobiografia de Nabokov, pelo que sabemos agora, é, na verdade, a terceira versão que ele escreveu com o que recordou a mais em russo e traduziu de volta para o inglês."
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22/07/2015 - Comentário
O linguista e professor da Universidade de Brasília - Unb, Marcos Bagno, no livro "Preconceito Linguístico" - que recomendo muitíssimo - nos mostra como a linguagem molda a forma e como as classes dominantes mantêm o poder, discriminando e disseminando preconceitos contra os excluídos da sociedade, fazendo-os acreditar em uma inferioridade inexistente. Na maioria das vezes, apenas manifestando-se com repulsa ao modo de falar da população menos favorecida.
E a linguagem, como vemos neste texto, além de sua forma ideológica, é a nossa própria maneira de vermos e construirmos nosso mundo.
Fernando Gurgel

2 comentários:

Fernando Gurgel disse...

O linguista e professor da Universidade de Brasília - Unb, Marcos Bagno, no livro "Preconceito Linguístico" - que recomendo muitíssimo - nos mostra como a linguagem molda a forma como as classes dominantes mantém o poder, discriminando e disseminando preconceitos contra os excluídos da sociedade, fazendo-os acreditar em uma inferioridade inexistente. Na maioria das vezes, apenas manifestando-se com repulsa ao modo de falar da população menos favorecida.

E a linguagem, como vemos neste texto, além de sua forma ideológica, é a nossa própria maneira de vermos e construirmos nosso mundo.

Paulo Gurgel disse...

Bem lembrado, Fernando.
Um trabalho de Marcos Bagno ("Preconceito que cala, língua que discrimina") já foi aqui recomendado.
http://blogdopg.blogspot.com.br/2013/11/lingua-x-dialeto.html