16 julho, 2015

Descobertas ao acaso

A história da ciência está repleta de descobertas que aconteceram ao acaso. Mas elas não teriam acontecido se não houvesse por perto, como disse Louis Pasteur, uma mente preparada.
Arquimedes
Arquimedes (287-212 a.C.), um grande matemático grego, tomava seu banho imerso em uma banheira, quando teve o que hoje chamamos de insight e, repentinamente, encontrou a solução para um problema que o atormentava havia tempos. Seria a coroa do rei de Siracusa realmente de ouro? Dizem que Arquimedes teria saído à rua nu, gritando Eureka! Eureka! (Encontrei!). Ele havia descoberto um dos princípios fundamentais da hidrostática, que seria conhecido futuramente como o "Princípio de Arquimedes". [1]
Kekulé
O químico alemão August Kekulé (1829-1896), durante uma noite do ano de 1865, apos uma década pesquisando as ligações das moléculas de carbono, adormeceu defronte a lareira sonhando com uma cobra que mordia o próprio rabo, a Ouroboros. Essa visão onírica serviu-lhe de inspiração para o entendimento da estrutura molecular do hidrocarboneto benzeno. [2]
Fleming
Ao se preparar para entrar em férias por duas semanas, Alexander Fleming semeou estafilococos em uma placa de cultura e, ao invés de colocá-la na incubadora, como normalmente fazia, resolveu deixá-la sobre a bancada.
No andar de baixo do laboratório de Fleming, trabalhava um perito em mofos. Imagina-se que os esporos desses fungos, muito leves, tenham sido levados pelo vento e estavam flutuando em grande quantidade no ar do laboratório de Fleming, cuja porta sempre ficava aberta.
Retornando das férias, ele observou que a placa de cultura que ficara sobre a bancada apresentava uma zona totalmente desprovida de estafilococos, justamente a parte que estava cercada por um mofo, o Penicillium notatum. Fleming havia descoberto a penicilina, a primeira droga capaz de curar inúmeras infecções bacterianas. [3]
Galvani
Em seus estudos, dissecando rãs em uma mesa enquanto conduzia experimentos com eletricidade estática, um dos assistentes de Galvani tocou em um nervo ciático de uma rã com um escalpelo metálico, o que produziu uma reação muscular na região tocada sempre que eram produzidas faíscas em uma máquina eletrostática próxima. Tal observação fez com que Galvani investigasse a relação entre a eletricidade e a animação - vida. Por isso é atribuída a Galvani a descoberta da bioeletricidade. [4]
Georges de Mestral
O velcro foi inventado em 1941 pelo engenheiro suíço Georges de Mestral. Ele se inspirou nas sementes de uma planta (Arctium) que grudavam frequentemente em sua roupa e no pelo de seu cão, durante as caminhadas que faziam pelos Alpes. Após examinar atentamente essas sementes ao microscópio, Georges distinguiu nelas filamentos entrelaçados que terminavam em pequenos ganchos: era isso a causa da aderência das sementes a pelos ou tecidos.
E concluiu ser possível a criação de um produto que unisse os dois materiais de uma maneira simples, porém reversível. Desenvolveu e patenteou o velcro, e passou em seguida a comercializá-lo através de sua companhia Velcro S.A. O nome faz referência a duas palavras em francês: velours (que significa veludo) e crochet (que significa gancho). [5]

[1} Isso é divertido!
[2] Ouroboros
[3] Pinturas microbianas
[4] 719 - Luigi Galvani, Acta
[5] 321 - Velcro, Acta

Em inglês existe a palavra "serendipity" para designar essas descobertas afortunadas, feitas aparentemente por acaso. Foi criada pelo escritor britânico Horace Walpole, em 1754, a partir do conto persa infantil "Os três príncipes de Serendip". Esta história de Walpole conta as aventuras de três príncipes do Ceilão, actual Sri Lanka, que viviam fazendo descobertas inesperadas, cujos resultados eles não estavam procurando realmente. Graças à capacidade deles de observação e sagacidade, descobriam “acidentalmente” a solução para dilemas impensados. Esta característica tornava-os especiais e importantes, não apenas por terem um dom especial, mas por terem a mente aberta para as múltiplas possibilidades.

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