O caso, eu vou contar como o caso foi:
Um dia, em casa de Francisco Brennand – seu colega de turma e o artista extraordinário a quem todos admiramos – chega o padre vigário da Várzea, o bairro recifense, hoje tão renomado, por conta desse pintor ceramista, e o anfitrião, feliz, exclama:
– Padre, veja quem está aí!
O padre olha para Suassuna, desconfiado, sem saber quem era. Brennand, no afã de salvar as aparências:
– É porque eu não disse o nome dele. Quando eu disser o senhor identifica.
E o padre:
– Quem é?
E ele:
– É Ariano Suassuna.
O padre confessou, honestamente, nunca ter ouvido falar. Então, Brennand, no esforço derradeiro:
Mas, padre, é o autor do "Auto da Compadecida".
O rosto do padre se iluminou:
– Ah! Essa eu conheço – e emendou logo a pergunta: – O senhor tem composto muito?
Foi quando Suassuna, sem entender nada, observou-lhe:
– Não, padre; eu não sou compositor.
O padre, novamente perdido, rebate:
– Mas o Dr. Brennand não acaba de dizer que o senhor é o autor de "La Cumparsita"?
(relatado por Marcos Vilaça em seu Discurso de Recepção ao Acadêmico Ariano Suassuna na Academia Brasileira de Letras)
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