13 julho, 2012

Deixando a medicina

No final da década de 1930 Juscelino Kubitschek dava a impressão de haver encerrado para sempre seu namoro com a política. A medicina lhe proporcionava satisfação, prestígio e dinheiro. Formara já um razoável patrimônio: tinha comprado uma boa casa, em estilo moderno – a primeira com piscina em Belo Horizonte. Na Força Pública, promovido a tenente-coronel médico, fora nomeado chefe do Serviço de Cirurgia do Hospital Militar.
Estavam as coisas nesse pé quando, em fevereiro de 1940, Benedito Valadares o chama ao palácio com um convite: a prefeitura de Belo Horizonte. JK recusa, não quer afastar-se outra vez da profissão. Mas a 16 de abril a nomeação é publicada no Minas Gerais, o diário oficial do estado. Tomou posse dois dias depois.
Virou prefeito sem deixar de ser médico: operava todas as manhãs no Hospital Militar e ainda chefiava o Serviço de Urologia da Santa Casa.
A última vez que empunhou um bisturi foi no Hospital São Lucas, de Belo Horizonte, quando operou de apendicite aguda o escritor Eduardo Frieiro.
JK disse então à mulher do autor de "O cabo das tormentas": "Hoje vou dar duas altas, d. Noêmia. Uma ao Frieiro, que já está bom e pode retornar a suas atividades. E outra, a mim mesmo, pois encerro, com o caso de seu marido, minha atividade profissional".
Despediu-se e saiu. "A opção, sobre a qual eu havia hesitado durante tanto tempo, acabara de ser feita. Já não era médico. Mas político."

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