Este soneto me veio à lembrança logo depois que aqui publiquei "Ninguém está feliz!", um cartum sobre a inveja. Escrito por Machado de Assis, "Círculo Vicioso" é mais, muito mais do que uma leitura complementar sobre o assunto.
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
"Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
"Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
"Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
"Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?"
Motoca, o autor dessa ilustração, explica em seu blog que escolheu uma composição circular por causa da estrutura do poema e que, como referência, usou mapas celestes antigos.
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