22 julho, 2010

O voo de Lévy

O matemático francés Paul Pierre Lévy estabeleceu um padrão matemático conhecido pelo poético nome de “voo de Lévy”. Para entender o padrão temos que imaginar uma gaivota que busca alimento.
Podemos imaginá-la na orla marítima, caçando caranguejos, e ali permanecendo durante horas. Até que a maré muda. Então, é possível que a gaivota vá a outro local em busca de mais alimento.
Este padrão de muitos voos curtos que se alternam com poucos voos compridos é o modo como, atualmente, se propagam as enfermidades entre as pessoas. Antes não era assím. Por exemplo, na Europa do século XIV, a peste não se propagava muito rapidamente, de uma cidade a outra, porque as pessoas não conseguiam se deslocar mais do que alguns quilômetros por dia. As pessoas apenas interagiam com aquelas que viviam nas proximidades.
Calcula-se que, naquele tempo, uma praga levava mais de 3 anos para se deslocar do sul da Europa às regiões setentrionais, a uma velocidade de 4 a 5 quilômetros por dia, tal como informa o estudo de S. Scott e C. Duncan, Biology of Plagues: Evidence from Historial Populations.
Agora comparemos essa forma de propagação com a de uma nova enfermidade, surgida em 2003, a pneumonia asiática ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, em inglês). Devido a que as pessoas hoje em dia se deslocam muito mais, fazendo viagens de longas distâncias inclusive, e com isso aumentam a propagação dos agentes patógenos, é que se pôde comprovar o seguinte:
Um dos afetados pela epidemia de SARS transportou a infecção por quase 13.000 quilômetros (da China ao Canadá) em somente 24 horas. Sem dúvida um voo de Lévy de funestas consequências.

Traduzido de El vuelo de Lévy: cómo se transmiten actualmente las enfermedades, de Sergio Parra. In: GENCIENCIA

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