18 setembro, 2009

O cetro

Há muito tempo, quando a China não era um só país, uma de suas províncias era governada por um rei muito estimado por seu povo. Chamava-se Liang, rei da província de Liang-Ming. De seu trono de fino lavor, ele atendia incansavelmente aos súditos que o procuravam. A uns, dando sábios conselhos, a outros, aplicando a justiça salomônica (mutatis mutandis), e a todos, enfim, parcelando o imposto a pagar. Nesses múltiplos misteres, era o rei auxiliado por seu grão-ministro Hie-Na.
Abra-se um parêntese para descrever o grão-ministro. Hie-Na não chegara ao alto mandarinato assim por acaso. Em criança, fora companheiro de folguedos de Liang. Depois, graças aos anos em que viveu na Índia, havia reunido uma enorme bagagem de truques engenhosos (considerados por Liang como genéricos dos milagres). E foi por conta desse acervo que Hie-Na chegou a grão-ministro. Cansado já estava o Filho do Céu de ser acusado de milagres em vão prometidos. De modo que, ao fazer de Hie-Na um dignitário, este é que se encarregaria da mistificação. E feche-se a descrição do grão-ministro com outro parêntese.
Em seus aparecimentos públicos o rei não se apartava do cetro, o símbolo de seu poder. Era um cetro que remontava ao fundador de sua dinastia e quem o empunhasse detinha o poder temporal. Somente quando a morte lhe fechasse os olhos é que de suas mãos deveria o bastão real sair. Direto para as mãos do príncipe herdeiro, evidentemente. E assim a sua dinastia continuaria a varar os séculos. Sucede, porém, que certa noite o rei Liang teve um sonho mau. Assim considerado porque viu ele, naquele sonho, o cetro na mão do rei de uma província vizinha.

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