25 setembro, 2009

Um deus dormiu lá em casa - 2

No existir monótono do ser humano, e tornado ainda mais infeliz pelos projetos não realizados, tudo seria bem mais venturoso se súbito um deus aparecesse. Eu não falo de um deus bíblico, muito poderoso, mas de um deus em carne e osso, não preocupado com a espiritualidade. Apenas capaz de transformar algum sonho em realidade, porque instrumentalizado se achasse para isso. Embora coubesse também ao eleito: abrir a porta, recebê-lo cordialmente (não se desleixando nos detalhes exigidos em cada situação) e indicar-lhe o quarto de dormir.
Eis a experiência - inesquecível - vivida pelo segundo dos quatro eleitos que aqui deram seus testemunhos.


Tony, 45, bicheiro - "Em verdade, foi uma deusa que dormiu lá em casa. Eu me achava num astral mais baixo que poleiro de pato... Tinha levado o fora duma 'mina', numa circunstância que não interessa contar agora, quando a deusa apareceu. Na graça de uma loura - de fechar o comércio 24 horas, meus queridos - que bateu à minha porta. Perguntando por uma pessoa que eu nem conhecia, e depois pedindo para usar o telefone. Ligou várias vezes, porém, do outro lado ninguém atendia. Aí, entre uma ligação e outra, eu puxei conversa. Depois, preparei-lhe um drinque que ela bebeu. E, como o programa dela havia mixado, topou o meu convite para sair na noite. Fizemos um circuito de bar, restaurante e danceteria, nessa ordem. Ao fim da noite, como pessoas civilizadas, fomos pra cama. Entorpecido pelo álcool, caí em sono profundo até por volta de meio-dia. E, ao despertar, constatei que a deusa, talvez decepcionada pelo meu apagão, tinha ido embora. No espelho do banheiro, havia deixado escrito a batom um número: 1985. Uma charada que, de imediato, eu não decifrei. Mas um bicheiro experiente como eu devia ter entendido o aviso e mandado 'cotar' o malfadado número. Que foi a milhar do tigre que deu, naquele dia, e me quebrou a banca."

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