10 julho, 2009

Pirâmides

O brasileiro, talvez por já se achar acostumado a uma pirâmide social adversa, não estranhou mais uma. Ao contrário, recebeu-a com o maior agrado possível, uma vez que esta última atendia pelo atraente nome de pirâmide... da fortuna. Aí, na qualidade de piloto, co-piloto, tripulante ou passageiro (nessa ordem de entrada), nela embarcou. Para uma viagem de alegria que se transfez em tristeza. Pois, fora o piloto que a tempo oportuno saltou de paraquedas, os demais quebraram a cara. Alguns, mais: a pirâmide nasal.
Que coisa! É pirâmide, mas tem piloto, co-piloto, tripulante e passageiro - como um avião de carreira. Isto, aliás, demonstra um certo hibridismo como o que se vê na Esfinge. Aquele ser fantástico, meio-leão e meio-homem, que os egípcios esculpiram na rocha, em Gizé. Ali, ali, perto das Grandes Pirâmides, que serviram de cenário para uma frase célebre de Napoleão. Ao proferi-la estaria o general eufórico com alguma posição de piloto recém-conquistada? Além de algum feito militar, bem entendido.
À la fé que Napoleão tinha ganho algum, embora os livros de História digam coisas diferentes. "A História é algo que não aconteceu, escrito por quem não estava lá." Que me perdoe o pessoal do ramo. Mas, voltando à pirâmide: nos dias atuais, ela não mais transmite a impressão de ser um poliedro estável; anda ruindo fácil, fácil por aí... a julgar pela quantidade de piramideiros soterrados. Por isso, já tem gente pensando em ressuscitar o "ai da base", uma gíria arcaica.
(...)
Em 1988, as pirâmides da fortuna (aviões, correntes da felicidade) estavam no auge. Foram o tema dessa crônica que, em 21/02/88, publiquei no DN - Cultura. Prossiga a leitura dela no Preblog, onde a crônica foi colocada na íntegra.

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