A fumigação, que é o ato de expor a fumaças um determinado ambiente com o propósito de desinfetá-lo, numa certa época foi também aplicada em seres humanos. A partir de 1745, quando o médico inglês Richard Mead passou a recomendar o uso de enemas à base de fumaças do tabaco no tratamento das vítimas de afogamento, até o ano de 1835, quando esses fumigatórios entraram em descrédito na medicina.
Richard Mead, que aprendera essa prática com os índios norte-americanos, e outros médicos de sua época acreditavam que a fumaça, ao ser aplicada por via retal, graças ao calor e à presença da nicotina (cujas propriedades estimulantes já eram conhecidas), tinha a capacidade de ressuscitar as pessoas afogadas do estado de morte aparente. A esta indicação, posteriormente, outras foram sendo acrescentadas, como as indicações de usá-la na constipação, no cólera e nas convulsões.
Também se empregava o enema de fumaça com o objetivo de determinar se um paciente ainda se encontrava vivo. Com a reação do paciente ao fumigatório sendo interpretada como sinal de vida.
Obviamente, não há qualquer evidência científica que, en qualquer ocasião, autorize o emprego da fumigação per anum. E nas vítimas de afogamento, a utilização dessa prática, ao tirar de foco as medidas de reanimação cardiorrespiratória (que são insubstituíveis), pode ainda se mostrar terrivelmente danosa.
E, como vestígios dessa prática bizarra, restou apenas a expressão to blow smoke up one's ass, ainda em voga na língua inglesa.
Exemplo de um dispositivo (dos mais simples) usado na fumigação
Texto dedicado ao jornalista Nonato Albuquerque que, após trazer à baila o assunto em Antena Paranóica, solicitou a opinião deste escriba. PGCS
Um comentário:
Obg pela citação.
Paz e Bem.
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