O Sr. Vinício Firmeza, funcionário do Hospital de Messejana, comunicou-me haver encontrado na biblioteca deste hospital um documento que poderia ser de meu interesse. E, atencioso como é de seu feitio, passou-me às mãos uma fotocópia do documento.
Ao examiná-la, identifiquei-a como sendo as respostas que eu dera, há muitos anos, para um questionário do Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Já aposentado do serviço público, após 39 anos no cargo de diretor do Hospital de Messejana, Dr. Carlos Studart encaminhara um certo número de cópias do questionário a profissionais que trabalhavam na instituição. E o preenchimento daquele questionário iria lhe fornecer subsídios para um livro - em fase de elaboração - sobre o Hospital de Messejana.
Foi bom reler o que escrevi naquele momento. A exemplo, pinço aqui a resposta que dei ao item "Visão histórica do hospital e sua importância na medicina do Ceará":
Quando acadêmico de medicina, algumas vezes (eu muito bem vindo de ônibus de algum lugar), passando em frente a este hospital, jamais imaginei fosse acontecer o que o destino me reservara: integrar o corpo clínico do Hospital de Messejana. Mas... aqui estou, o que muito me honra. Nesses anos, tenho feito um bom aprendizado técnico e humanístico, em virtude de ter aqui encontrado as condições propícias para tanto. Da parte dos diretores, que identificam minhas potencialidades e me incentivam, dos companheiros de trabalho, que trocam comigo experiências e compreendem meus erros, e do pessoal de apoio, sem o qual eu não poderia exercer a contento minhas funções. E, ainda, por conta dos excepcionais recursos técnicos e operacionais que tenho encontrado nesta instituição. Falar sobre o Hospital de Messejana, o seu incomensurável papel na cardiologia, na pneumologia e na cirurgia cardíaca e torácica no Ceará, é discorrer sobre o óbvio. Há todo o testemunho da comunidade cearense sobre o que o hospital para ela representa - hoje e sempre! E credite-se a importância da missão que o hospital cumpre, em grande parte, à visão administrativa de Dr. Carlos Studart. Numa época em que a rede sanatorial era um modelo consagrado, este administrador identificou demandas outras (cardiopatias e pneumopatias não-tuberculosas) que estavam a exigir soluções. E, sem excluir o nosocômio da luta anti-tuberculose, soube redirecioná-lo para objetivos mais amplos. Ademais, tão sólida tem sido a estrutura administrativa deixada por Dr. Carlos Studart que, ao afastar-se da direção deste hospital, as freqüentes trocas de seus diretores (pelas inquietudes da política) não têm, até o momento, comprometido o bom desempenho da instituição (PGCS)."
Este livro para o qual enviei meu depoimento foi de fato escrito e publicado.Com o título "Sanatório de Messejana - Uma História a Ser Contada", ele cobre o período de 1933 a 1983, ou seja, 50 anos de existência da instituição. Estive na noite de lançamento do livro, uma festa que aconteceu na residência do autor, Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (nome que já foi oficialmente acrescentado ao do Hospital de Messejana), quando recebi de suas mãos um exemplar autografado. Li-o com o mais profundo interesse. E, por necessidades diversas, não sei quantas vezes já o consultei.
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