11 dezembro, 2023

De pernas cruzadas

Estátua de Arariboia, na praça
do mesmo nome, em frente à 
estação das Barcas, em Niterói.
Crédito: Wiki
Arariboia ou Martim Afonso de Sousa foi um chefe da tribo dos temiminós, grupo indígena tupi que habitava o litoral brasileiro no século XVI. Ajudou os portugueses na conquista da baía de Guanabara frente aos tamoios e franceses, em 1567. Como recompensa, os portugueses lhe cederam uma região na entrada da baía que viria a dar origem à atual cidade de Niterói, da qual é considerado o fundador.
Instalado na sesmaria que ganhou, Arariboia converteu-se ao cristianismo e adotou o nome de Martim Afonso de Sousa, em homenagem ao homônimo navegador português. Mas terminou seus dias em conflito com o novo governador-geral da Repartição Sul do Estado do Brasil (com sede no Rio de Janeiro), Antônio Salema.
Na cerimônia oficial de posse, tendo Arariboia se deslocado de Niterói até o Rio de Janeiro, sentou-se cruzando as pernas. O fato, porém, veio a desagradar o governador, que o repreendeu. Arariboia rebateu tal repreensão retrucando: "Minhas pernas estão cansadas de tanto lutar por seu Rei, por isto eu as cruzo ao sentar-me, se assim o incomodo, não mais virei aqui!"
O idoso cacique voltou, então, para a sesmaria de Niterói, não mais tendo retornado ao Rio de Janeiro.
Dotado de forte personalidade, Arariboia teria servido de inspiração ao escritor brasileiro José de Alencar na criação de sua obra "O Guarani" (1857).

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