15 dezembro, 2023

O ópio do povo

"A ciência e a religião são baseadas em diferentes aspectos da experiência humana. Na ciência, as explicações devem ser baseadas em evidências extraídas do exame do mundo natural. Observações ou experimentos com base científica que conflitam com uma explicação eventualmente devem levar à modificação ou mesmo ao abandono dessa explicação . A fé religiosa, em contraste, não depende apenas de evidências empíricas, não é necessariamente modificada em face de evidências conflitantes e tipicamente envolve forças ou entidades sobrenaturais." - Academia Nacional de Medicina [1]
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
"A religião é o ópio do povo."
De Marx, que pegou de vários autores do século XVIII (Heine, Hess, Bauer, Feuerbach, Herder) até Kant.
E aí vem a história de que o "filósofo alemão que definia a religião como o ópio do povo". Não só ele, muita gente antes se referiu às influências da religião no comportamento social e na razão humana, desde Immanuel Kant até Moses Hess, sionista de esquerda a quem é atribuída a criação da frase. Mas não apenas eles.
Falta (a quem fez a exploração barata) o contexto em que foi escrita há mais de 170 anos, na obra "Crítica da Filosofia do Direito de Hegel", não como uma ofensa à religião, mas como um ataque às dores humanas que ela tornaria suportáveis:
"A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo."
É evidente, claro, que Marx não era um crente, mas a crítica que faz não é à religião em si, mas a sua influência para que os homens não se libertem de seu sofrimento real. [2]
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
"A religião é o ópio do povo" (em alemão "Die Religion ... Sie ist das Opium des Volkes") é uma famosa frase presente na Introdução à "Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" (em alemão, Zur Kritik der Hegelschen Rechtsphilosophie - Einleitung), de Marx. A Introdução escrita em 1843, foi publicada em 1844 nos Deutsch-Französischen Jahrbücher.
Marx não foi, todavia, o primeiro a utilizar tal analogia, embora a autoria lhe seja frequentemente atribuída. Ele, de fato, sintetizou uma ideia que estava presente em autores do século XVIII.
A comparação da religião com o ópio já aparece, por exemplo, em escritos de Immanuel Kant, Johann Herder, Ludwig Feuerbach, Bruno Bauer, Moses Hess e Heinrich Heine. Este último, em 1840, no seu ensaio sobre Ludwig Börne escreveu:
"Bendita seja a religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança."
Moses Hess, num ensaio publicado na Suíça em 1843, também utilizou a mesma ideia: "A religião pode fazer suportável [...] a infeliz consciência de servidão... de igual forma o ópio é de boa ajuda em angustiantes doenças."
Além de Heine e Hess, uma ideia similar aparece em "L'Histoire de Juliette, ou les Prospérités du vice", obra do marquês de Sade, de 1797 :
"É ópio que você faz seu povo tomar, para que, anestesiado por esse sonífero, ele não sinta as feridas que você lhe rasga."
Novalis, outro poeta alemão, também teria usado uma comparação semelhante em "Blüthenstaub" (Grãos de pólen), seu primeiro trabalho publicado na revista Athenäum, em 1798:
"Sua suposta religião age simplesmente como um ópio: excitante, estonteante, acalmando os sofrimentos dos fracos."
A frase está na Introdução feita à "Crítica da filosofia do direito de Hegel", escrita em 1843 e publicada em 1844 nos "Deutsch-Französischen Jahrbücher" (Anais franco-alemães), que Marx editava com Arnold Roge. Seu contexto imediato é o seguinte:
(...) A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo. [3]

[1] http://www.nationalacademies.org/evolution/science-and-religion
[2] http://www.tijolaco.com.br/blog/jornalismo-ou-fundamentalismo-veja-o-penultimo-programa-de-haddad/
[3] http://pt.wikipedia.org/wiki/ópio_do_povo

Nenhum comentário: