12 dezembro, 2009

"Treze de dezembro"

Não é só um dia do ano (hoje, por sinal), é também uma canção.
Um belíssimo choro que foi composto por Luiz Gonzaga e Zé Dantas; e que recebeu letra (um presente que quase matou de emoção o nosso Gonzagão) do compositor Gilberto Gil.
No vídeo: uma execução - cinco estrelas - dos sanfoneiros Rodolf Forte e Marcos Farias.



Mas... o que significa esse "Treze de dezembro"?
Não é pouca coisa. Foi o dia em que nasceu Luiz Gonzaga.
P.S.>
Conheci Rodolf Forte a um mês exato. Tocou num evento promovido pela Prefeitura de Caucaia - CE. É cearense, maestro, um grande acordeonista e atualmente exerce o cargo de secretário de cultura de Guaiuba - CE. Falou-me que Marcos Farias (o outro instrumentista do vídeo) é filho do sanfoneiro Abdias e de Marinês, a cantora de "Marinês e sua Gente". E uma busca na internet diz que Marcos Farias é maestro pela Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro e afilhado de Luiz Gonzaga na pia batismal. Afilhado de verdade, portanto.

2 comentários:

Nelson Cunha disse...

Paulo,

Meu pai, como você sabe, era cearense de Ubajara. Na velha vitrola valvulada lá de casa não faltavam Luiz Gonzaga e Nat King Cole. Aprendi a gostar de ambos, o que não é pouca coisa. Ainda considero o negão o maior cantor de todos os tempos. A minha infância foi vivida entre Belo Horizonte e Ouro Preto, portanto, longe das origens paternas. Durante algum tempo pensei que Luiz Gonzaga fosse meu tio porque o irmão do meu pai tinha o mesmo nome. Eu não sabia que duas pessoas podiam compartilhar o mesmo nome.

Em 1971, ano da nossa formatura, fui de Fortaleza a Campinas participar do Congresso Brasileiro de Oftalmologia.

Ao chegar a Petrolina, vi um tumulto na rodoviária ao redor de um casal de meia idade que tomava o ônibus onde eu estava. O senhor veio se sentar na fila ao lado. Risonho, bonachão, calçado com alpargatas brancas e óculos escuros para esconder um defeito, acho que era um exotropia. O homem era o Rei do Baião.

Pude observar durante o trajeto que a figura era simples e interagia sem estrelismos. Tinha a voz grave, potente, falava alto ao contar casos e nas paradas pedia sempre pastel de carne. Troquei meia dúzia de palavras com ele, generalidades. Arrependo-me hoje de não ter conversado mais. Naquela época eu ainda era um ignorante, hoje sou também um boçal porque as vezes penso que deixei de ser ignorante.
O mundo mudou e vemos hoje artistas com um milésimo do seu valor, viajando de jatinhos e ganhando em um show o que Gonzaga levava anos pra ganhar. Não se canta mais: rapeia-se, requebra-se, engana-se. A música de sucesso é uma lástima. Todo mundo hoje acha que é artista e o pior é que o público acredita.
Artista foi o Gonzagão que a asa branca levou, foi esse gigante aí que acabei de descrever lhe o dedo.

Nelson Cunha

Paulo Gurgel disse...

Pelo dedo se conhece o gigante, Nelson. E você mostrou, com sua visão 20/20, que um mito pode ser uma pessoa extremamente simples. Foi essa também a impressão que guardei de Patativa do Assaré ao conhecê-lo numa feira agropecuária no Crato.
Paulo