Mora uma louca chamada Esperança:
E quando todas as buzinas fonfonam
Quando todos os reco-recos matracam
Quando tudo berra quando tudo grita quando tudo apita
A louca tapa os ouvidos
e
atira-se
e – ó miraculoso voo! –
Acorda outra vez menina, lá embaixo, na calçada.
O povo aproxima-se, aflito
E o mais velhinho curva-se e pergunta:
– Como é teu nome, menininha dos olhos verdes?
E ela então sorri a todos eles
E lhes diz, bem devagarinho para que não esqueçam nunca:
– O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…
"Poemas para a Infância" (Mario Quintana – Poesia Completa, Editora Nova Aguilar, 2005)
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