12 novembro, 2015

Os quinze ajustes que nos tornaram humanos

Os seres humanos são, possivelmente, as espécies mais estranhas que vivem na Terra. Temos grandes cérebros que nos permitem construir engenhocas complicadas, compreender conceitos abstratos e usar a linguagem para nos comunicarmos. Nós também estamos quase sem pelos, com mandíbulas fracas, e lutamos para dar à luz. Como tal bizarra criatura evoluiu?


2 comentários:

Fernando Gurgel disse...

O livro "O Macaco Nu", de Desmond Morris, faz uma bela narrativa da trajetória deste ramo simiesco até se torna o Homo Sapiens que queríamos ser e ainda não fomos.

Ainda somos macacos.

Parodiando os mineiros, saímos da selva, mas a selva nunca sairá de nós.

Diversos mecanismos cerebrais ainda estão associados aos instintos básicos de sobrevivência, que se resume basicamente em comer e evitar ser comido.

Assim, grosso modo, esses mecanismos cerebrais mais atuantes no nosso dia-a-dia ainda estão relacionados com identificação do tipo: "confiável"/"não confiável".

Ao longo do tempo, o ser humano criou algumas gradações e introduziu algumas condicionantes básicas na identificação dos que podem fazer parte de sua "tribo" e dos que devem ser evitados. Algo como a regra matemática "pertence"/"não pertence". E isso é feito mais no aspecto visual, olfativo, sonoro, que em qualquer outro identificador. Muito animalesco, ainda. Daí o preconceito, daí a pouca probabilidade de alguém se integrar a grupos diferentes sem um elemento identificar característico do grupo. Repito, muito, muito simiesco, ainda.

Uma pessoa pode não ter qualquer preconceito em relação à aparência e aceitar os outros como estes se mostram. Essas pessoas estão, normalmente, em raros ambientes onde a aparência não importa muito. Mas pode ser intolerante ou apenas muito reticente ao aproximar-se de pessoas que não têm o mesmo padrão de linguagem, seja na construção das palavras e frases, seja no modo como manifesta esses símbolos.

O cérebro logo avisa: aquele ser humano fala de uma forma que parece agressiva, não foi polido/domesticado pelo ensino acadêmico, então a convivência com ele pode ser difícil ou muito perigosa. Sabe-se lá qual será sua reação dentro do grupo?

Ou seja, o cérebro, sem dar qualquer chance aos nossos melhores sentimentos, acende imediatamente uma luz de alerta. A ansiedade animalesca aparece e o afastamento é inevitável.

Ou seja, a identificação simiesca mostra apenas que aquele ser humano que fala de uma forma diferente de mim, ainda não foi enfiado na camisa de força de um modo de falar que, certamente, nos mostraria que ali está alguém que não vai nos dar um murro se eu o contrariar, ou algo assim.

Somente deixaremos de ser macacos quando a amígdala cerebral deixar de atuar de forma tão ditatorial em nossas construções mentais. Aí, não sentiremos mais medos, não mais identificaremos quaisquer sinais de perigo, real ou não, e todo mundo e o mundo todo se nos apresentará como um agradável e manso jardim japonês. Mesmo em locais sabidamente cheios de jacaré, cobras venenosas e ariranhas.

Conclusão: enquanto o ser humano existir, ainda seremos macacos.

Paulo Gurgel disse...

Fernando,
Este comentário será reapresentado como texto autônomo.
Um abraço.