Este conto foi classificado em 7º lugar no "1º Concurso Nacional de Prosa e Poesia", a seguir publicado em livro com igual nome. Promoveu o concurso a Associação Médica Brasileira (AMB), por ocasião de seu 40º aniversário, em 1991.
Um dia Godarta se encontrava à sombra de sua figueira-da-índia favorita. Exercitando-se na separação do Eu, enquanto a mente vagueava pelos confins do mundo. Assim, via-se uma carpa prateada a mergulhar num rio bem profundo, procurando alcançar o ponto onde repousavam todas as causas. E reconhecia-se no corpo de um crocodilo cujos toscos dentes tinham inquietações menos metafísicas. Godarta era a carpa que não morria, o crocodilo que não jejuava e era: Buda, o Iluminado.
Nisso, eis que dele se aproximou Bronkho, o discípulo não exatamente favorito. Bronkho era um obtuso do espírito. Por mais que se esforçasse ele não assimilava as Quatro Verdades, que são o cerne da doutrina budista. A bem da verdade (desta vez, verdade não budista), entregue-se Bronkho pelo seguinte. Perigava ele ser jubilado, a começar na disciplina de Godarta. Pois que nada, até então, se decantara do espírito do discípulo que melhor não se conseguisse do espírito de um javali.
Foi todo metediço, ele. E, querendo ganhar ponto, na tigela de esmoleiro do Mestre depositou figos. Um punhado de figos cristalizados... quando Godarta só os comia ao natural. A seguir, sentou-se. De modo que sua postura imitasse a do Mestre, nas comichões inclusive.
"Oh, por que não tirei patente desta posição?" - pensou Godarta. E mergulhou em si novamente. Nesses mergulhos era quando ele consultava a glândula pineal, a bola de cristal dos Iluminados. Mas Godarta mergulhou a ver se Bronkho desistia do assédio e ia chapinhar num lago próximo com as velhas cegonhas. "Homessa! Nem com elas o noviço aprendera a fazer as abluções." Só que Bronkho - com a idéia fixa de ser também um Iluminado - não arredou pé. E continuou a cacetear o monge.
- Mestre, como devo proceder para alcançar a Iluminação?
O conto completo está no Preblog.
Nenhum comentário:
Postar um comentário