Crônica escrita em 1991 (também publicada no Preblog)
Coube a um brasileiro, o padre João Francisco de Azevedo, a invenção da máquina de escrever. Idealizado e construído à mão por ele, este invento figurou na "Exposição Agrícola e Industrial de Pernambuco", em 1861. Registro o fato porque muitos ignoram quem é o inventor e - mais ainda - que ele é brasileiro. Padre Azevedo, apesar de festejado em sua época pelo que fez, nenhum lucro material veio a auferir com o invento.
E a gente logo associa a máquina de escrever ao piano. Pois, como o instrumento musical, a máquina através de suas teclas produz uma espécie de música. Tlec, tlec, tlec... Só que bastante monótona a musiquinha, não acham? Uma tecla que aperto tem o som parecido com o da seguinte, assim por diante.... Máquina de escrever versus piano, eita comparação gasta e antiga!
Na época de sua invenção, eis como a "Revista Ilustrada" descrevia a máquina do Padre João Francisco de Azevedo:
"O sistema geral é quase idêntico ao dos pianos, isto é, por meio de um teclado, convenientemente adaptado, consegue-se transmitir ao papel os caracteres correspondentes, formando palavras, linhas, parágrafos, enfim, a escrita regular de uma ou mais páginas. O teclado está disposto em quatro pequenas carreiras, tendo cada tecla a indicação de uma letra; assim pois, tocando-se uma tecla, a letra correspondente vai imprimir-se num papel que envolve e desliza por um rolo no cimo do aparelho. Para a separação das palavras, basta tocar em uma pequena régua colocada ao fundo do teclado."
É... a máquina de escrever nem de longe tem os recursos do piano, instrumento que sola e harmoniza. Em compensação, ganha dele em materialidade. Pois, enquanto vou tlec-tlec-tlec solando, vou também com ela criando a própria "partitura".
Não fora assim, e pedindo vênia à minha "Olivetti" pelo que vou dizer, melhor seria compará-la a uma concertina de botão (PGCS).
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