Dessa galeria de personagens típicos do Ceará, em que já figuravam o jangadeiro, o boiadeiro e a mulher rendeira, passou a fazer parte o flanelinha. Sem o charme de um traje característico que o identificasse, recorreu o novo personagem típico da região a uma flanela para ser identificado. Obtendo tal sucesso com o recurso que, em virtude disso, ganhou o já citado apelido genérico.
Sabe-se que há dois tipos básicos de flanelinha: o de semáforo, que tem a proposta de limpar o seu carro em questão de segundos, e o de estacionamento, cuja religião o proíbe da nefanda prática. A este segundo tipo, cabe apenas “pastorar” o veículo até que o dono retorne. Não sendo incluído em seu serviço que vá oferecer resistência a ladrões.
Para o flanelinha não existe essa coisa de local ermo. Em qualquer via pública onde um carro puder ser estacionado, haverá sempre um flanelinha a postos. E haverá vários deles, quando o carro for sair. Contrariando o lema de que o flanelinha “trabalha” com um olho no carro e outro na concorrência.
Por fim, entre o dono do carro e o flanelinha, existe uma espécie de acordo tácito. O dono, ao voltar, recebe o carro sem arranhões e sem pneus murchos; o flanelinha então é pago. Acertar depois e sair de mansinho são consideradas más práticas. Que podem arranhar ou murchar esse acordo, mais adiante.
Ilustração: Laerte
Pós-escrito (23/12/11)
O colega/amigo Nilo Mendonça me enviou este vídeo com A flanelinha americana. É... perdemos feio na comparação.
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