Com a sua construção iniciada em 1930 e a sua inauguração em 1º de maio de 1933, sob o nome de Sanatório de Messejana, o atualmente denominado Hospital de Messejana foi o resultado do idealismo de um trio de médicos - João Otávio Lobo, Lineu de Queiroz Jucá e Pedro Augusto Sampaio – diante de um instigante desafio: assistir com humanismo aos pacientes tuberculosos do estado do Ceará. Na época, pela inexistência de drogas com real eficácia sobre a tuberculose, ocupava uma posição de relevo na tisiologia o modelo sanatorial, em que os pacientes eram afastados do convívio social para se submeterem a medidas higieno-dietéticas. E também para se submeterem, em associação com as medidas conservadoras, a intervenções cirúrgicas como o pneumotórax, o pneumoperitônio, a frenicoparalisia, a plumbagem, a operação de Eloesser e a toracoplastia.
Com esta primordial destinação de atender o paciente tísico, o Sanatório de Messejana iniciou as suas atividades – como uma instituição de caráter privado – com apenas 20 leitos. E assim permaneceu até o ano de 1940, quando passou a enfrentar sérias dificuldades econômicas, que ameaçavam a sobrevivência da instituição. Coube ao Instituto de Previdência do Estado do Ceará (IPEC), então presidido pelo Dr. Plácido Aderaldo Castelo, vir em socorro do tisiocômio, o que aconteceu quando foi adquirido o imóvel com os seus principais equipamentos. Com a efetivação desta compra pelo IPEC, livrou-se o Sanatório de Messejana da insolvência e passou a ser um sanatório público.
Em 1944, assumiu a direção do Sanatório de Messejana o tisiologista Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, cargo que ocupou até 1983, quando se aposentou do serviço público. Foram 39 anos de uma competente e profícua administração que, quando de sua conclusão, havia conduzido o pequeno sanatório do IPEC à situação de um modelar hospital do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), com 200 leitos destinados ao diagnóstico e tratamento das doenças torácicas.
Remonta a 1968 a desativação de duas das suas unidades de tisiologia (o aparecimento dos tuberculostáticos deslocara o tratamento da tuberculose dos sanatórios para os dispensários) para convertê-las em unidades de internação de pacientes cardíacos. Por haver intuído Dr. Carlos Studart, diante do cenário da crescente importância epidemiológica das doenças cardiovasculares no mundo e no Brasil, que o estado do Ceará já estava a necessitar de um hospital especializado no atendimento destas enfermidades. Dois anos após (em 1970) estava estruturado o serviço de cardiologia do Hospital de Messejana. E, em agosto do mesmo ano, este hospital foi palco da realização de uma cirurgia cardiovascular com circulação extra-corpórea, a primeira do gênero no Norte e Nordeste do país.
Atualmente, ocupando no bairro de Cajazeiras, município de Fortaleza, uma área total de 62.910m2, com uma área construída de 18.910m2, o Hospital de Messejana, apesar das sucessivas ampliações por que passou, ao longo dos anos, ainda conserva em linhas gerais o seu estilo dos anos 30. Horizontal, com os pavilhões interligados, como foi idealizado o sanatório pelo arquiteto húngaro Emilio Hinko, também autor de plantas de muitos outros prédios históricos em Fortaleza. E, desde 1990, integra a rede de hospitais próprios da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, como um hospital de nível terciário e de referência em doenças cardíacas e pulmonares para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
As transformações que incorporaram os serviços de cardiologia e de cirurgia cardiovascular (responsáveis pelo segundo maior número anual de transplantes cardíacos no Brasil) não afastaram o Hospital de Messejana do atendimento aos pacientes pulmonares. Aliás, este hospital, que inicialmente era restrito à assistência de tuberculosos, ao longo da gestão do Dr. Carlos Studart e das administrações daqueles que o sucederam, gradativamente se capacitou e se equipou para um propósito ainda mais abrangente. Qual seja, o de atender à pluralidade das pneumopatias: DPOC, asma, bronquiectasias, pneumonias, câncer pulmonar, patologias da pleura e do mediastino, pneumoconioses etc.
Mas, como a mostrar que não esquece o “ideal tisiológico” dos que o criaram, continua o Hospital de Messejana a participar da luta antituberculose no Ceará. Com um ambulatório multiprofissional, considerado de referência em nível estadual, para diagnosticar e tratar os portadores de tuberculose multirresistente a drogas. E com a disponibilidade de realizar nesses pacientes, quando há criteriosa indicação, as operações pulmonares ressectivas. Além de preservar em sua estrutura organizacional o Centro de Estudos Manuel de Abreu – uma perene homenagem ao médico brasileiro que inventou a abreugrafia (Paulo Gurgel Carlos da Silva).
18 novembro, 2006
Breve História do Hospital de Messejana
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