06 janeiro, 2023

O fazedor de amanhecer

Este livro é o registro da união de dois artistas, dois gênios, dois grandes homens que nunca deixaram de ser crianças. Ziraldo, o poeta da cor e da forma, e Manoel de Barros, o poeta da palavra, que pega infinito em antena de mosca, colhe flor lascada na pedra, entorta paisagens só para o amor caber nelas. Os poemas de Manoel de Barros - ele já disse mais de uma vez - não são para ninguém entender. São para a gente esfregar nos olhos, espreguiçar e acordar mais feliz. E quando Manoel escreve e Ziraldo ilustra, a poesia acorda toda arrepiada de Sol... e quem amanhece é o leitor.


Sou leso em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.

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