Morreu na noite de ontem (19) o escritor, semiólogo e filólogo italiano Umberto Eco, de 84 anos.
Segundo sua família, o falecimento ocorreu às 22h30 (horário local), em Milão, na própria residência do intelectual.
Eco nasceu em Alessandria, no Piemonte, em 5 de janeiro de 1932, e entre os seus maiores sucessos literários estão "O nome da rosa", de 1980, e "O pêndulo de Foucault", de 1988. Sua última obra, "Número zero", foi publicada no ano passado e fala sobre a redação imaginária de um jornal, com fortes referências à história política, jornalística e judiciária da Itália.
Além de romances de destaque internacional, o escritor também é autor de numerosos ensaios de semiótica, estética medieval, linguística e filosofia. Em 1988, fundou o Departamento de Comunicação da Universidade de San Marino. Desde 2008, era professor emérito e presidente da Escola Superior de Estudos Humanísticos da Universidade de Bolonha.
24/02/2016 - Atualizando ...
Umberto Eco, O Fascismo Eterno, in: Cinco Escritos Morais,
Tradução: Eliana Aguiar, Editora Record, Rio de Janeiro, 2002.
[...] O termo "fascismo" adapta-se a tudo porque é possível eliminar de um regime fascista um ou mais aspectos, e ele continuará sempre a ser reconhecido como fascista. Tirem do fascismo o imperialismo e teremos Franco ou Salazar; tirem o colonialismo e teremos o fascismo balcânico. Acrescentem ao fascismo italiano um anticapitalismo radical (que nunca fascinou Mussolini) e teremos Ezra Pound. Acrescentem o culto da mitologia céltica e o misticismo do Graal (completamente estranho ao fascismo oficial) e teremos um dos mais respeitados gurus fascistas, Julios Evola.
A despeito dessa confusão, considero possível indicar uma lista de características típicas daquilo que eu gostaria de chamar de "Ur-Fascismo", ou "fascismo eterno". Tais características não podem ser reunidas em um sistema; muitas se contradizem entre si e são típicas de outras formas de despotismo ou fanatismo. Mas é suficiente que uma delas se apresente para fazer com que se forme uma nebulosa fascista. [...]
Extraído de: Ur-Fascismo, o texto histórico de Umberto Eco traduzido para o português, in: Pragmatismo Político. Enviado por Fernando Gurgel Filho.
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