"A necessidade do espírito de análise e de crítica está, portanto, presente em nós, que formamos as gerações de uma “época” e que temos uma missão a cumprir e a realizar. Esta crítica que se exerce como uma tarefa e como um destino nada tem de destruidora e de negativa. Ela forma alicerces e levanta muros para futuras construções. Exerce-se num domínio realístico, e, ao mesmo tempo, objetivo. Conformista, porém, é que ela não pode ser. O ato de tudo aceitar, como o ato de tudo negar, não é um ato de crítica. É um ato de positiva ou negativa apologia, e só. O ato da crítica é aquele que completa, que retifica, que amplia. O que abre perspectivas, o que desdobra situações. O crítico que se cinge ao círculo do que ele critica está esterilizado pelo seu próprio assunto e não merece esse nome. Quando se exige de um crítico que seja também um criador, esta exigência não significa que lhe estejam a pedir que componha poemas e romances. Dentro da mais pura e mais estrita atividade crítica existe uma função criadora. A criação do crítico lhe vem da possibilidade de levantar, ao lado ou além das obras dos outros, ideias novas, direções insuspeitadas, novos elementos literários e estéticos, sugestões de bom gosto, sistematizações, esquematizações, quadros de valores. Crítica num tríplice aspecto: interpretação, sugestão, julgamento." ~ Antonio Houaiss, em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras
+ Houaiss em ordem alfabética
Cigano – Palavronas
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